Primeiro fim de semana da Bienal do Livro de Minas atrai famílias e público jovem

Escritora norte-americana Margaret Stohl lançou seu novo romance no Expominas

por Mariana Peixoto 17/11/2014 07:30

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 Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Na plateia, com dois terços dos 400 assentados ocupados, o público era tão ruidoso quanto a própria atração. Foi com um improvisado 'Happy birthday to you' que a escritora norte-americana Margaret Stohl, 47 anos completados na sexta-feira, foi recebida ontem pelos fãs que ocupavam o espaço Conexão Jovem da Bienal do Livro de Minas. Coautora da série romântico-fantástica 'Beautiful creatures', que chegou aos cinemas em 2013 com o filme 'Dezesseis luas', ela veio ao Brasil para lançar seu primeiro livro solo, 'Ícones', e 'Sirena', volume inicial de nova série com Kami Garcia, 'Dangerous creatures'.

Levou o público às gargalhadas quando de maneira histriônica contou como entrou para a literatura – “Depois de 'Crepúsculo', minhas três filhas disseram que estavam cansadas dos vampiros. Falei que eu podia fazer um livro também e uma delas caiu na gargalhada” –, agradeceu os parabéns, dizendo que tinha acabado de completar 21 anos e se preparou para a maratona de autógrafos. As 200 senhas para levar a assinatura da autora no livro haviam se esgotado. “Li o livro antes do filme e achei muito interessante, por causa do mistério”, disse Alice Kovalevskaya, de 18 anos, que foi à Bienal com os amigos Rian Bicalho, também de 18 e Guilherme Couto, 16. Rian gostou tanto da história de um romance com ares sobrenaturais no Sul do EUA que comprou inclusive a versão em inglês da narrativa.

Longe do Conexão Jovem, que lotou no fim de semana com a presença da mineira Paula Pimenta, um grupo bem menor, mas igualmente interessado, assistia a um bate-papo na Bienal em Quadrinhos. Davi Calil, Eduardo Damasceno e Felipe Garrocho conversavam sobre música e quadrinhos. “O mais legal do espaço da Bienal não é para o fã de quadrinhos, pois este vai nos eventos específicos, e sim para outros públicos. A cada ano que passa as pessoas prestam mais atenção, buscam entender o processo do trabalho”, disse Damasceno, curador do espaço.

Se para os encontros com o público e os autógrafos são chamados tanto autores independentes quanto aqueles que têm uma editora, na banca de livros – infantis e adultos, que variam de R$ 5 a R$ 45 – há uma amostra interessante de publicações indies, que dificilmente são vistas em livrarias convencionais. “Na qualidade, não há distância alguma entre o quadrinista independente e o que tem editora. A dificuldade mesmo é no acesso”, acrescentou Damasceno. O mineiro Lucas Libânio, por exemplo, estava no local autografando seu primeiro livro, a coletânea de tirinhas Hans Grotz – Opiniões descartáveis, que ele mesmo bancou em 2012. Dos mil exemplares editados, ele vendeu ao longo deste tempo pouco mais da metade, seja em livrarias que deixou em consignação ou pela internet.

Mercado

Para o público que está interessado mais em consumir do que participar dos encontros, o mais indicado são os estandes dedicados a gêneros segmentados, como quadrinhos, livros universitários, mangás etc. Para a literatura em geral, houve gente que reclamou dos preços. Frequentadora de outras edições da bienal, a aposentada Eliane Guimarães estava achando os valores salgados. Depois de muita pesquisa decidiu comprar 'O pintassilgo', de Donna Tartt, por R$ 39 (valor menor do que o da editora, Cia. das Letras, que é de R$ 49,50).

Outra questão que vem decepcionando o público leitor é a ausência de estandes próprios de grandes editoras. Autêntica e Vozes são editoras com espaços próprios, bem organizados, mas gigantes do mercado editorial nacional como Record e Cia. das Letras dividem espaço em lojas de terceiros. Para a literatura em geral, as maiores são da Livraria Leitura, que concentra publicações da Sextante, Intrínseca, Nova Fronteira, Rocco e da distribuidora Boa Viagem, com títulos da Planeta, Cia. das Letras, Zahar e Cosac Naify, entre outras. Não há espaço delimitado para cada editora e tanto a procura por títulos quanto por preços é confusa. Grandes filas para o pagamento podem desanimar o consumidor menos paciente.

“A Bienal de Minas é acanhada, está precisando ser como a do Rio e de São Paulo, com estandes próprios das editoras”, disse o blogueiro Philip Rangel, que edita o site Entrando numa fria e passou o fim de semana inteiro no Expominas. Sua colega de blog, Renata Ávila, é de opinião semelhante. Desde sexta-feira no evento mineiro, ela ainda não havia feito uma compra. “Os preços, de uma maneira geral, são os de capa. Mas acredito que no próximo fim de semana estejam melhores.”

No entanto, quem está a fim de garimpar vai conseguir fazer boas compras. Muitos estandes, como a São Marcos, Cia. WRC de Livros e Top Livros, havia grandes espaços destinados a livros a R$ 10. “Comprei 'Gente de Lampião, Dadá e Corisco', de Antônio Amauri Correa de Araújo, gosto muito do tema cangaço e o preço está ótimo”, disse o comerciante Antônio Lacerda. Ele foi à bienal levar filho Roberto, de 7 anos, que tinha um livro infantil debaixo do braço, comprado a R$ 2. “O menino adora ler”, disse o pai. Já a publicitária Regina Neves, que pretende voltar outras vezes ao evento, comprou, também a R$ 10, o romance 'O plano perfeito', de Sidney Sheldon. “Adoro esse autor, e o preço está ótimo, bastante tentador”, disse ela, enquanto fazia outras pesquisas meio à montanha de livros no saldão. (colaborou Carlos Herculano Lopes)

Circuito aprovado


Terminou neste domingo a primeira edição do Circuito Literário Praça da Liberdade. Ao longo da última semana, o evento levou 30 mil pessoas a 12 museus e espaços do Circuito Cultural Praça da Liberdade, além do Sesc Palladium e da Academia Mineira de Letras. Foram 80 atrações, entre oficinas, exposições, encontros com autores. Dois mil livros foram doados durante a realização do evento. Mas a literatura continua com muito espaço no circuito. Nesta terça-feira, será aberta na Casa Fiat de Cultura a exposição QuasePoema – cartas e outras escrituras drummondianas, que traz a público a correspondência trocada entre Carlos Drummond e sua mãe, Julieta, em mostra que reúne textos originais, fotografias e documentos raros.

BIENAL DO LIVRO DE MINAS

Diariamente, até 23 deste mês, na Expominas, Avenida Amazonas, 6.030, Gameleira. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia). Assinantes do EM têm 20% de desconto na compra de um par de ingressos. Informações: www.bienaldolivrominas.com.br

Vale a pena?

                                                                   Editora                  Bienal          Loja virtual    
'Toda poesia' (Paulo Leminski)                       R$ 48                    R$ 48           R$ 36
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