Ricardo Aleixo lança mão das inovações tecnológicas para ampliar os limites da poesia

Autor faz performance literária nesta sexta-feira em BH

por Ailton Magioli 26/09/2014 00:13
Jair Amaral/EM/D.A Press
"O livro é apenas um dos lugares onde a poesia pode estar" - Ricardo Aleixo, escritor (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
O poeta Ricardo Aleixo, de 54 anos, define como uma espécie de “livro ampliado” a performance Música para modelos vivos movidos a moedas, que será apresentada hoje, no Instituto de Arte e Cultura Yorubá, no Bairro Carlos Prates. Estará em cena o que ele classifica de ampliação sonora, visual e cênica de seu livro Modelos vivos, finalista dos prêmios Jabuti e Portugal Telecom em 2011.

Em síntese, o solo do artista intermídia é uma tentativa de ampliar o conceito de livro, neste momento em que a tecnologia, em si, pode ser considerada uma poética. “Costumo brincar que poesia é tecnologia e tecnologia é poética”, justifica Ricardo Aleixo, lembrando que praticamente tudo está disponibilizado nas mais variadas mídias.

“Com o advento das novas tecnologias, não só a possibilidade de difusão da poesia aumentou, mas também a possibilidade de conhecimento de outros conceitos. A gente constata, via internet, que há um número infinito de criadores produzindo, seja no Brasil, na Ucrânia, no Líbano ou em qualquer parte do mundo. O livro é apenas um dos lugares onde a poesia pode estar”, acredita Ricardo.

Ao comentar as resistências ao formato performance, ele atribui aos poetas a responsabilidade por tal rejeição. “Estou cansado de ver, em leituras públicas e até em saraus, que as pessoas não sabem dizer as próprias palavras com o mínimo de cuidado”, desabafa. Na opinião dele, o público não gosta é de má poesia e da poesia mal falada.

À medida que passou a apresentar seus textos nesse formato, Ricardo Aleixo começou a incluir canções autorais no roteiro. Percebeu que há temas cantados que geram empatia com o público. Cada vez mais ele tem se aproximado do ritual em que poesia, música, dança e outras manifestações não se separam.

Em 37 anos de trajetória artística, Ricardo Aleixo publicou oito livros. Ele escreveu também o inédito Impossível como nunca ter tido um rosto. Paralelamente, prepara quatro publicações para o ano que vem: uma sobre a teoria da performance; outra com as 30 melhores entrevistas que concedeu; e dois volumes de prosa.

Proprietário do Laboratório Interartes Ricardo Aleixo (Lira), o escritor publica suas criações por um selo próprio. Em casa, no Bairro Campo Alegre, Região Norte da capital, ele mantém um pequeno palco para apresentações entre amigos. Em Música para modelos vivos movidos a moedas, ele evidencia a vocação como artista intermídia voltado para a contínua experimentação e a dissolução de limites entre linguagens.

RICARDO ALEIXO

Performance literária. Hoje, às 21h. Instituto de Arte e Cultura Yorubá, Rua Cambuquira, 178, Carlos Prates. Couvert: R$ 10. O livro Modelos vivos será vendido no local a R$ 25. Informações: (31) 2555-6736.

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