André di Bernardi lança hoje 'O ar necessário', seu novo livro de versos

Para o autor, a poesia é indicada tanto para horas luminosas como para os momentos críticos

por Carlos Herculano Lopes 09/08/2014 00:13

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Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A sede, o estranhamento, uma certa falta de ar. A revolta. O medo. A esperança. Esses são alguns dos ingredientes que têm feito com que André di Bernardi, ao longo dos anos, continue a escrever poesia. Do lançamento de seu primeiro livro, É quase noite no coração daquelas águas, em 2009, pela Editora Confraria do Vento, até desaguar em O ar necessário, que autografa hoje, das 14h às 19h, na Osiris Vinhos, muita coisa mudou na sua literatura. Ficou mais maduro, sem as amarras comuns ao principiante. “De lá para cá, entre idas e vindas, num turbilhão de alegrias e tristezas, novos poemas foram surgindo, entre eles uma série de seis ou sete textos que nasceram inspirados no verso que deu nome ao livro, O ar necessário. Foi a partir desses poemas irmãos que montei a base desse novo trabalho”, diz.


Nascido em Belo Horizonte, formado em jornalismo (é subeditor do jornal Aqui, dos Diários Associados), e de uma geração de escritores mineiros que se espelhou na poesia de Adélia Prado e de Hilda Hilst; na ficção de Clarice Lispector e de Roberto Drummond e, mais recentemente, em Walter Hugo Mãe e Antônio Lobo Antunes, André di Bernardi, influências à parte, foi também, com o tempo, impondo personalidade própria aos seus versos. O escritor celebra o corpo, as crianças, os animais, os pássaros, a natureza, enfim. Como em A floresta, um dos melhores poemas do livro: “Uma floresta./ E tudo que nela é e já está./ As coisas, mesmo as improváveis,/ continuam a crescer,/ primeiro dentro, para fora,/ até o surgimento do verde/ que toma conta da gente”.

Além de celebrar as forças da natureza, com todas as possibilidades, neste novo livro, que o coloca entre os melhores poetas da geração surgida a partir dos anos de 2000, André di Bernardi escreveu inspirado pelo nascimento da filha Clarice, que está com 4 anos, e continua sendo fonte de inspiração. “...Olhos de beijar./ Na frente, vai meu pequeno pássaro./ Fogo delicado, água/ que nunca sacia o peito/ agora inteiro, desamparado,/ desprovido de pedras e pontas/ que já não ferem...".

Fiel à poesia desde o início da carreira, André di Bernardi é autor ainda de Água cor, editado pela Coleção Almanach de Minas, e Longes pertos e algumas árvores, Editora do Autor, entre outros. Colaborador de jornais e suplementos, participou também de duas antologias: Pelada poética, Editora Scriptum, e Amar, verbo atemporal – 100 poemas de amor, lançado pela Editora Rocco.

Três perguntas para...
André di Bernardi, 
jornalista e escritor

O que é fazer poesia?
Leveza e paciência são armas que, se bem utilizadas, auxiliam demais no processo do fazer poético. Fazer poesia é parecido com dançar. Escrever um poema é como beber água na fonte mais limpa, é matar a sede com mais sede.

O que mudou na sua escrita ao longo dos anos?
Cada poema carrega um universo distinto. Cada livro reflete, retrata um momento único na vida do poeta. O mesmo ocorre com os poemas, que têm vida própria, vontades que devem ser respeitadas. Hoje, percebo e comemoro uma certa maturidade poética. Hoje, sei quando um poema está realmente pronto. Procuro, como ensinou Drummond, conviver com os meus poemas antes de escrevê-los.

A poesia continua necessária?
Nunca se precisou tanto de poesia como nos dias de hoje. As pessoas estão tristes, com medo, cheias de desejos fúteis, vivendo numa loucura feia de solidão e breu. Sendo assim, a poesia é aquela companheira que guardamos para as horas luminosas, ou para os momentos mais críticos.

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