Nascido em Belo Horizonte, formado em jornalismo (é subeditor do jornal Aqui, dos Diários Associados), e de uma geração de escritores mineiros que se espelhou na poesia de Adélia Prado e de Hilda Hilst; na ficção de Clarice Lispector e de Roberto Drummond e, mais recentemente, em Walter Hugo Mãe e Antônio Lobo Antunes, André di Bernardi, influências à parte, foi também, com o tempo, impondo personalidade própria aos seus versos. O escritor celebra o corpo, as crianças, os animais, os pássaros, a natureza, enfim. Como em A floresta, um dos melhores poemas do livro: “Uma floresta./ E tudo que nela é e já está./ As coisas, mesmo as improváveis,/ continuam a crescer,/ primeiro dentro, para fora,/ até o surgimento do verde/ que toma conta da gente”.
Fiel à poesia desde o início da carreira, André di Bernardi é autor ainda de Água cor, editado pela Coleção Almanach de Minas, e Longes pertos e algumas árvores, Editora do Autor, entre outros. Colaborador de jornais e suplementos, participou também de duas antologias: Pelada poética, Editora Scriptum, e Amar, verbo atemporal – 100 poemas de amor, lançado pela Editora Rocco.
Três perguntas para...
André di Bernardi, jornalista e escritor
O que é fazer poesia?
Leveza e paciência são armas que, se bem utilizadas, auxiliam demais no processo do fazer poético. Fazer poesia é parecido com dançar. Escrever um poema é como beber água na fonte mais limpa, é matar a sede com mais sede.
O que mudou na sua escrita ao longo dos anos?
Cada poema carrega um universo distinto. Cada livro reflete, retrata um momento único na vida do poeta. O mesmo ocorre com os poemas, que têm vida própria, vontades que devem ser respeitadas. Hoje, percebo e comemoro uma certa maturidade poética. Hoje, sei quando um poema está realmente pronto. Procuro, como ensinou Drummond, conviver com os meus poemas antes de escrevê-los.
A poesia continua necessária?
Nunca se precisou tanto de poesia como nos dias de hoje. As pessoas estão tristes, com medo, cheias de desejos fúteis, vivendo numa loucura feia de solidão e breu. Sendo assim, a poesia é aquela companheira que guardamos para as horas luminosas, ou para os momentos mais críticos.