Evento 'Fotógrafos em Ouro Preto' propõe a reflexão sobre o poder das imagens

Exposições e debates vão até sábado na cidade histórica

por Walter Sebastião 06/08/2014 08:44

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Miguel Rio Branco/divulgação
'Carro doce', foto deMiguel Rio Branco exposta na Casa dos Contos (foto: Miguel Rio Branco/divulgação)
Popularizar e democratizar o acesso à produção de imagens com qualidade estética, ética e visão mais crítica e transformadora do que está em torno de quem fotografa. Essa proposta está presente em exposições, debates e oficinas promovidos pelo encontro Fotógrafos em Ouro Preto, que vai de hoje a sábado. Esta noite, o evento será aberto com a mostra Maldicidade, no Museu Casa dos Contos, reunindo fotos e vídeos de Miguel Rio Branco. A programação inclui intervenções urbanas e a projeção de imagens em becos ouro-pretanos.

Miguel Rio Branco anda namorando Ouro Preto. Inclusive, relaciona a cidade histórica a Inhotim, em Brumadinho. Na primeira, cidade antiga, ele observa vivências ricas e fortes; no instituto de arte contemporânea, lugar novo, há a presença marcante da natureza e do contemporâneo. Em ambos pode-se esquecer do mundo ou entrar nele de outro modo. Trabalhos importantes de Miguel estão expostos em Inhotim.

“Neste momento em que todas as cidades brasileiras são, no geral, meio catastróficas, Ouro Preto ainda é um espaço que tem problemas, mas não é impossível enfrentá-los. Isso faz daqui um lugar que pode ser a chave para muitas experiências”, especula Rio Branco.

“No Brasil, país de natureza fantástica, vivemos uma armadilha econômica e social que traz as pessoas para as cidades. Produto de lavagem cerebral, isso faz acreditar que o melhor é enfiar todos na tristeza, porque morar um pouco afastado não dá, não é bom e atrasa chegar no serviço”, critica Miguel Rio Branco. Resultado: a vida metropolitana se tornou um caos.

“Tenho tomado cada vez mais horror à vida nas grandes metrópoles”, conta o fotógrafo, que mora em Araras, na Região Serrana fluminense. Para Miguel, os dilemas da vida metropolitana não devem ficar só na foto, mas podem instigar discussões com sentido conscientizador e transformador.

Boa parte dos trabalhos de Rio Branco, um dos artistas plásticos mais reconhecidos do mundo, traz como motivo as cidades e seus problemas. Contexto muitas vezes dramático, observa ele, mas que traz também a riqueza humana de quem ali sobrevive.

“Faço construções poéticas, mas se tirarem as imagens desse contexto, elas são documentos”, provoca, sem medo de usar a palavra, temida por muita gente. “Faço crônicas com interpretação pessoal do mundo”, conclui Miguel Rio Branco, diferenciando esse enfoque daquele do jornalismo, da denúncia ou de trabalhos voltados para o registro documental.

Crítica Rodolfo Meirel, de 29 anos, é idealizador do Fotógrafos em Ouro Preto em parceria com Lucas de Godoy. O propósito da dupla é trabalhar uma visão crítica da fotografia e da imagem. “Atualmente, todos têm acesso a algum tipo de câmara. A produção é grande, mas poucos trabalhos são apurados ou trazem visão crítica do mundo”, argumenta Meirel.

Conflitos urbanos são o tema da terceira edição do encontro. Mostras, palestras e oficinas oferecem reflexões sobre direitos civis, democracia, crescimento urbano e desenvolvimento. As aulas, que transcendem considerações técnicas, chegarão a distritos de Ouro Preto. Estão previstas ações em instituições sociais.

Rodolfo Meirel diz que várias gerações vão trocar ideias sobre imagem e tecnologia. A expectativa é atrair 30 mil pessoas à cidade histórica – a mesma marca alcançada em 2013.

CONFIRA
» Exposições
Maldicidade – Miguel do Rio Branco. Abertura hoje, às 19h. Museu Casa dos Contos, Rua São José, 12, Centro, (31) 3551-1444. Até 1º de setembro. De terça-feira a sábado, das 10h às 17h; domingo, das 10h às 15h; segunda-feira, das 4h às 18h.

Emancipação, inclusão e exclusão – Desafios do passado e do presente. Acervo do Instituto Moreira Salles. Galeria Fiemg, Praça Tiradentes, 4, Centro, (31) 3551-3637. Diariamente, das 9h às 19h.

Dobra sobre dobra – Coletivo Olho de Vidro. Sala Manoel da Costa Athaíde, anexo do Museu da Inconfidência, (31) 3551-4977. Até domingo, das 12h às 18h.

A natureza do fotógrafo. De amanhã a 1º de setembro, das 9h às 19h. Galeria Inverso, Rua Getúlio Vargas, 248, Rosário.

» Papo com foto
Manuel Magalhães fala sobre Christiano Júnior: Um açoriano, fotógrafo, na América do Sul. Amanhã, às 19h. Galeria Fiemg, Praça Tiradentes, 4, Centro.

Expedição Coração do Brasil, com Orlando Azevedo. Sexta-feira, às 19h. GLTA, Rua Paraná, 136, Centro.
Uma casa da fotografia, com Tereza Siza. GLTA. Sábado, às 19h.

» Noite no Beco
Sexta-feira e sábado, a partir das 22h, na Travessa Padre Camilo Veloso, no Centro.

Informações no site do evento

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