Peça de Cininha de Paula estreia no Teatro Alterosa

Responsável por sucessos da TV brasileira, diretora assina pela primeira vez uma produção belo-horizontina

por Helvécio Carlos 17/07/2014 08:00

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Fernando Gutierrez/divulgação
"Sou uma pessoa séria" Cininha de Paula,diretora e atriz (foto: Fernando Gutierrez/divulgação )
Humor é com ela. De 20 anos para cá, Cininha de Paula tem dirigido grandes sucessos da televisão, como 'Pé na cova' (2014), 'Toma lá, dá cá' (2013), 'Sai de baixo' (2008) e 'Chico Anysio show' (1987), além de peças como 'O mordomo viu' (2014) e 'A gaiola da loucas' (2010). “Minha carreira de atriz sempre foi calcada na comédia. Por quê? Não sei. Sempre me acharam muito engraçada, mas não me acho assim. Muito pelo contrário: sou uma pessoa séria”, diz a filha de Lupe Gigliotti, sobrinha de Chico Anysio e do cineasta Zelito Viana, prima de Marcos Palmeira, Bruno Mazzeo e Nizo Neto. “Sou de família de gente engraçada no dia a dia, no trabalho. Meu pai era médico famoso no Rio de Janeiro, também tinha um tempo muito bom de comédia, muito preciso. Mas não escolhi a comédia, as coisas foram acontecendo”, acredita ela.

Cininha está entusiasmada em dirigir pela primeira vez uma produção belo-horizontina: 'Minha mulher se chama Maurício', que estreia hoje, no Teatro Alterosa. O texto do francês Raffy Shart foi traduzido por Jacqueline Laurence. O elenco reúne Ílvio Amaral, Maurício Canguçu, Karina Marthin e Guilherme de Oliveira.

O encontro da diretora carioca com os atores do sucesso 'Acredite, um espírito baixou em mim' se deve ao “empurrãozinho” das atrizes Suzana Pires e Marília Pêra, com quem Maurício e Ílvio trabalharam em 'A saga da senhora Café'. A relação se estreitou em Pé na cova – Ílvio fez participação especial como o deputado Seu Coisinha. “Minha admiração pelos dois vai além do grande talento deles: são gente de teatro, com uma coragem invejável. Vivem do palco, coisa rara no Brasil”, elogia Cininha. Ela não viu Acredite..., mas ressalta o “sucesso absurdo” da montagem mineira.

Pelo menos em um detalhe – o curto período entre os ensaios e a estreia – é comum a 'Um espírito baixou em mim' e 'Minha mulher...'. A primeira foi produzida em 15 dias, a outra em 25. “Essa diferença me dá mais possibilidade de acerto”, compara a diretora. Cininha explica que o processo criativo evoluiu de acordo com o oferecido pelos atores “dentro de estrutura dramatúrgica bastante interessante, reforçada pela tradução de Jacqueline Laurence”. O elenco passou as últimas quatro semanas ensaiando no Rio de Janeiro. “Sentirei muita falta deles. As noites que passamos juntos foram coroadas por muitas gargalhadas”, derrete-se.

As negas

Depois da estreia de 'Minha mulher...', Cininha se dedica a novo projeto: a série 'O sexo e as negas', prevista para estrear em setembro na Globo. “Minhas neguinhas vão chegar junto com a primavera”, diz ela a respeito da produção, assinada por Miguel Falabella. “Será o nosso 'Sex and the city', um seriado feminino com bastante colocação masculina. O texto de Miguel tem uma virilidade muito grande”, observa. O cenário é Cordovil, subúrbio carioca. “Vamos mostrar o universo feliz da comunidade. Ninguém precisa falar de favela apenas sob a visão de violência”, pondera.

Cininha sempre soube que 'Pé na cova', série que se passa no subúrbio do Irajá, faria sucesso e credita isso a Falabella. “Grande cronista do cotidiano, ele não subestima a inteligência do público. Sabe que não é preciso ser raso para falar com o povo. De forma poética, Miguel nos faz enxergar todos os nossos problemas sociais, familiares e do cotidiano. Quando temos um elenco comandado por Miguel e Marília Pêra, é difícil errar. Setenta por cento do sucesso vem do texto, 20% da escalação e 10% da minha cereja nesse bolo tão bem batido e assado”, diz.

Amiga há quase três décadas de Miguel Falabella, a diretora conta que o respeito mútuo é a base dessa relação. “Consigo entendê-lo enquanto criador e sonhar o sonho dele, a função mais difícil de um diretor. Não sei se foi sorte. Sei que nossa parceria é feliz, gratificante e crescente”, afirma. Entre os projetos de Cininha está levar Pé na cova para as telas. “Tudo depende do Miguel”, conclui.

Gargalhadas e teatro físico

A dupla Maurício Canguçu e Ílvio Amaral promete boas gargalhadas com 'Minha mulher se chama Maurício'. Jorge (personagem de Ílvio) quer se livrar da amante e pede a Maurício (Canguçu) que se passe por sua mulher. Quando a situação sai do controle, a confusão está armada.

“A peça pode ser definida como teatro físico, tamanho o esforço exigido do elenco. O Ílvio faz duas personagens, a Karina Marthin três, Guilherme e eu, um cada. As cenas são rápidas, exigindo trocas de figurino em menos de dois minutos”, explica Canguçu .

De acordo com o ator, o hiato entre as estreias de 'Espírito...', em 1998, e 'Minha mulher...' tem um motivo: a dupla decidiu sair da zona de conforto e encenar 'Por pouco' (2011), 'A idade da ameixa' e 'Os sem vergonhas' (ambas de 2007) e 'A saga da senhora Café' (2005). “Queríamos investigar, reconhecer e questionar artisticamente outras linguagens teatrais”, explica.

'Minha mulher se chama Maurício'

Direção: Cininha de Paula. Com Karina Marthin, Ilvio Amaral, Mauricio Canguçu e Guilherme Oliveira. Estreia nesta quinta, às 21h. Teatro Alterosa, Avenida Assis Chateaubriand, 499, Floresta, (31) 3237-6611. De quinta-feira a sábado, às 21h; domingo, às 19h. Até dia 27. Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia) e R$ 20 (postos do Sinparc).

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