Marta Neves e Selma Andrade abrem exposição no Jardim Canadá

Imagens do cotidiano inspiram trabalhos das artistas

por Walter Sebastião 14/06/2014 00:13

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Shirley Fragaus/divulgação
O 'misterioso' conteúdo das bolsas inspirou Selma Andrade (foto: Shirley Fragaus/divulgação)
Retratos. É assim que as artistas Marta Neves e Selma Andrade definem os trabalhos que ficarão expostos a partir de hoje na Orlando Lemos Galeria de Arte, no Jardim Canadá. Não se trata de imagens convencionais. Marta traz bordados com personagens e o cotidiano trash da sociedade brasileira, “retratos nossos que não queremos ver”, segundo ela. Selma Andrade pintou objetos que as pessoas carregam dentro da bolsa.


A série Cenas para uma vida melhor foi iniciada há 10 anos por Marta. A ideia é trabalhar com estética glamourizada (miçangas, lantejoulas, etc.) e de mau gosto. “É tênue a linha entre o bom e o mau gosto”, afirma a artista. “Certas imagens trazem à tona a nossa estupidez e violência, o que tem a ver com a vontade de poder que todos guardamos”. Há trabalhos que são apenas uma palavra: inveja é uma delas. “Sentimento nobilíssimo, que assume que sentimos falta de algo”, provoca Marta.

A mineira é uma das convidadas para expor na 31ª Bienal de São Paulo, que começa em setembro. Foi uma surpresa, conta ela. “O único que sempre sabe que vai ser selecionado é o Tunga”, brinca Marta. “A exposição está entre as mais importantes do mundo, é uma forma de reconhecimento do que venho fazendo”, observa. A artista não revela o que vai mostrar. “Será um trabalho sobre algo que existe sem existir. A vida é um conjunto de inexistências cotidianas que se dão de forma pungente”, acrescenta.

As pinturas de Selma Andrade dão vazão à curiosidade sobre o que se carrega dentro da bolsa. “São retratos de pessoas de todas as profissões por meio de objetos que pertencem a elas”, explica. Os “modelos” são faxineiras, designers e professores, por exemplo.

Uma das bolsas mais fascinantes foi a de uma faxineira que carregava terço, toalha, sabonete e dinheiro. Selma se surpreendeu ao encontrar, sempre, algum remédio dentro do acessório.

Os trabalhos surgiram a partir de uma pintura que Selma Andrade fez de sua própria bolsa, há seis anos. A imagem trazia algo de diário. “Pinto como as pessoas escrevem”, afirma. “Como tinha muito carinho com essa tela, quis repetir a experiência. Sou perfeccionista e dei vazão a uma representação bem realista”, conclui.

EXPOSIÇÕES
A bolsa de valores, trabalhos de Selma Andrade. Vou chupar os gringo tudo, obras de Marta Neves. Abertura hoje, ao meio-dia. Orlando Lemos Galeria, Rua Melita, 95, Jardim Canadá,
(31) 3224-5634. De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 14h. Até 26 de julho.

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