Peça '#140 ou vão?' discute o amor em tempos de Twitter

Videoarte e transmissões ao vivo são cenário de peça que discute as relações atuais

por Carolina Braga 30/05/2014 08:55

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Samuel Mendes/Divulgação
Ludmilla Ramalho e Alexandre Cioletti em cena de '#140 ou vão', em cartaz no Oi Futuro Klauss Vianna (foto: Samuel Mendes/Divulgação)
O nome é daqueles que não dão pista alguma. Afinal, do que se trata uma peça chamada #140 ou vão? Os mais tecnológicos, que apostaram em uma relação com a internet ou especificamente no Twitter, por causa do # ou dos 140 caracteres, se aproximaram. Em cartaz até 8 de junho, no Oi Futuro Klauss Vianna, o novo espetáculo da Cia Afeta, com direção de Nando Motta e interpretação de Ludmilla Ramalho e Alexandre Cioletti, tem sim a ver com a velocidade das comunicações interpessoais. Mas e o vão?


Além de ser referência ao verbo ir, representa o local onde se passa toda a ação da montagem: um elevador. Depois de contar o drama de um casal em 180 dias de inverno, a segunda montagem da companhia criada em 2009 acrescenta humor ao modo como vê os relacionamentos atuais. Eles são atropelados, rápidos, mas nem por isso menos intensos ou verdadeiros. Eis o cerne de #140 ou vão.

“É muito mais importante falar sobre as relações pessoais tendo a internet como pressuposto do que falar sobre a tecnologia na vida das pessoas. Falamos sobre o que é viver a dois com esse atropelamento”, detalha Nando. Tal como nossos tempos, #104 ou vão foi feito no tempo recorde de dois meses. À tarefa dramatúrgica foi chamado o carioca Felipe Rocha (do grupo Foguetes Maravilha, autor do premiado texto Ninguém falou que seria fácil).

Os primeiros contatos foram feitos pelo Facebook, e logo Felipe veio para Belo Horizonte trabalhar. “Ele escrevia de manhã e testávamos à noite. Foi um processo muito artesanal”, comenta o diretor. Nando Motta diz estar satisfeito com o resultado. Segundo ele, não se trata de uma história linear. Tudo se passa dentro do elevador. Se na primeira cena os espectadores ficam por dentro de como o casal se conheceu, logo na segunda, saberá que estão separados há pelo menos dois anos. O que liga um ponto ao outro preenche os 65 minutos da montagem.

“É um relacionamento atropelado em todos os sentidos. Eles se conhecem durante a queda de um elevador e, em seguida, já estão morando juntos. Começam a contar fragmentos da história deles e um pouco desse pós-relacionamento”, diz Nando Motta. Como tudo se passa no espaço de 1,90m x 1,90m, com cenografia assinada por Ed Andrade, vídeos são utilizados como recursos cênicos complementares. A fonte das imagens também é diversa. Tem de videoarte a transmissões ao vivo, chamadas live cinema.

Imerso em pesquisa sobre a híbrida linguagem teatral do século 21, Nando Motta reconhece como algumas influências do trabalho a estética cênica do diretor canadense Robert Lepage, além de filmes como Amor (Michael Haneke) e Ela (Spike Jonze). “O filme Ela é extremamente tecnológico mas em momento algum está interessado no programa que está usando. É focado na relação dos dois. Estamos mais interessados em como viver hoje do que no entorno disso”.

#140 ou vão
Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h. Até 8 de junho. Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, Av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras, (31) 3229 2979. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).


INCLUSÃO
Neste domingo, às 19h, haverá uma sessão escpecial com o sistema de áudiodescrição. Serão utilizados recursos em closed caption e Libras (Língua Brasileira de Sinais) para atender pessoas com deficiência auditiva, visual, intelectual, com síndrome de Down, autistas e disléxicos. A iniciativa faz parte do projeto Teatro para ver mesmo sem enxergar, para ouvir mesmo sem escutar.

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