FIT-2014 começa nesta terça-feira com montagem mineira 'Prazer' na estreia

Edição deste ano vai prestigiar a produção local na abertura, no lugar de intervenções na rua, como de costume. Festival também marca o retorno do Teatro Francisco Nunes

por Carolina Braga 06/05/2014 08:26

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Lucie Jansch/Divulgação
Clássico de Shakespeare, 'Hamlet', da companhia alemã Berliner Ensemble, é a atração mais esperada (foto: Lucie Jansch/Divulgação)
Pela primeira vez, o Festival Internacional de Teatro Palco & Rua, o FIT-BH, que começa nesta terça, não terá abertura com um grande espetáculo de rua. A aposta foi por uma montagem de Belo Horizonte, 'Prazer', da Cia Luna Lunera. “A lógica do ineditismo é insuficiente, porque a arte não se dá dessa maneira”, avalia o ator Odilon Esteves, um dos atores da montagem. Cerca de 10 mil pessoas já viram 'Prazer' por aqui, mas, como Odilon pondera, o que esse número representa dentro do universo de espectadores da cidade? Quase nada. A meta do FIT 2014 é ser amplo e não apenas voltado para a classe teatral ou para os aficionados. A estreia de 'Prazer', nesta terça, às 21h, marca a reinauguração do Teatro Francisco Nunes, fechado há cinco anos.

Confira programação completa aqui

Para Odilon, a decisão da curadoria do festival em apostar nos espetáculos locais para as primeiras apresentações é um sinal de valorização da atual produção da cidade. Daniel Toledo, autor, ator e diretor de 'Fábrica de nuvens', outra montagem de BH a integrar a programação, acredita que estar no evento é uma chance de ampliar o público. “Não que garanta alguma coisa para o futuro do espetáculo, mas o credencia para circular mais e alcançar outros públicos”, diz.

Embora as peças de Belo Horizonte sejam maioria, o FIT permanece grande, com propostas ousadas. Na turma dos estrangeiros famosos estão o Berliner Ensemble, grupo alemão do qual Bertolt Brecht foi um dos diretores na década de 1940, e também Générik Vapeur, trupe francesa de teatro de rua que marcou a história do próprio FIT com antológicas ocupações nas ruas nas edições em 1997 e 2004. A companhia está de volta com 'Jamais 203', sobre o universo das corridas de bicicletas, em momento em que Belo Horizonte vive outra realidade em relação às ocupações urbanas.

Além de fazer parte da programação, Daniel Toledo está com a lista pronta das montagens que não deixará de ver, como 'Hamlet' e 'Frag#3 Aproximacion a la idea de desconfianza', dirigido pelo mesmo criador de 'Gólgota picnic', Rodrigo Garcia, que foi a sensação do FIT em 2012. Já Odilon Esteves também garantiu seus bilhetes. Tem expectativa boa para ver 'Cine Monstro', com Enrique Díaz, Matéria-prima, do grupo La Tristura, e 'Emília', dos argentinos do Timbre 4. “Sempre torço para que as coisas deem certo”, conclui o ator, que sobe hoje ao palco para dar o pontapé na maratona, que vai até o dia 25.

Público

Se para o palco a expectativa é boa, o mesmo não parece ocorrer em matéria de informação. Nem mesmo no Mercado das Flores, tradicional ponto de venda de ingressos, na Avenida Afonso Pena, no Centro, a movimentação pode ser notada. “Acho que vai valer a pena quando estiver com o ingresso na mão. Até agora não está”, desabafou o professor Luiz Paulo Silva Santos. Assim como outros espectadores, ele compareceu cedo ao posto de vendas em busca do tradicional folheto com a programação e as sinopses das peças. O material ainda não estava pronto e as informações só estavam disponíveis no site do festival. A previsão para a chegada dos impressos é amanhã, no segundo dia do FIT.

A bancária Amanda Jacinta Agostini não sentiu falta do folheto. Já chegou sabendo o que queria. Recomendada por amigos, comprou entradas para 'Prazer' e também 'Hamlet', do cultuado grupo alemão Berliner Ensemble. Inclusive, para a montagem alemã, a mais esperada do festival, mais da metade dos ingressos já têm dono. “Comprei porque está todo mundo falando. Como não sou do ramo, não tenho muito hábito de ir ao teatro. Estou na expectativa . Talvez não tivesse oportunidade de ver se não fosse assim”, diz.

É o que também pensa o psicólogo Pedro Lúcio Duarte. Enquanto escolhe as atrações para os próximos dias, recorda o quanto foi relevante ter visto grandiosas montagens de rua em edições passadas do FIT. É por isso que está de novo em busca de experiências diferentes. “Aquilo abriu todo o movimento do teatro em BH. Hoje somos ponta em teatro experimental”, diz.

Cancelamento


As apresentações da produção carioca 'O homem travesseiro', da Cia Teatro Esplendor, foram canceladas. A peça estaria em cartaz de 9 a 11 deste mês, no Teatro Marília. De acordo com a Fundação Municipal de Cultura, o ator Tonico Pereira, integrante do elenco, enfrenta problema de saúde que o impede de viajar a BH. Quem comprou ingresso poderá trocá-lo por outro ou solicitar a devolução do valor pago.

Em quatro tempos

HAMLET
A promessa


» O grupo alemão Berliner Ensemble é definitivamente a estrela dos palcos desta edição. A companhia fundada por Bertolt Brecht na década de 1940 apresentará Hamlet, em encenação que dura três horas. Montagens assim são clássicas no FIT-BH: a combinação de um nome consagrado internacional e longas durações. Neste caso, vale a aposta pelo peso histórico do grupo. Por mais que as ideias de Brecht sobre encenação sejam questionadas hoje em dia, não deixa de ser a chance de conferir, na fonte, de que forma o pensamento teatral do alemão ainda reverbera. O Berliner chega com equipe de 43 pessoas. O espetáculo será legendado. A dica é dar uma estudada antes ou levar a versão em português, como um libreto. As apresentações serão nos dias 17 e 18, no Grande Teatro do Palácio das Artes.

 

 

GLORY BOX
A ousadia


» Vem da Austrália a montagem que pode dar o que falar nesta edição do festival: Glory box, com texto e direção de Moira Finucane e Jackie Smith. O espetáculo é libertário, performático e foi programado para cinco datas, de 21 a 25, no Music Hall, confiando na força do boca a boca. É apresentado como uma comédia underground, surpreendente e ousada, que faz uma releitura dos cabarés. O público pode esperar crítica pesada e bem-humorada. A peça já foi apresentada em mais de 10 idiomas. A ideia é que o bar do local funcione antes e durante a montagem, para criar o clima propício. É o típico espetáculo com “cara de FIT”

 

 

CINE MONSTRO
O nacional


» O encantamento do ator e diretor Enrique Díaz com a dramaturgia do canadense Daniel Mclavor já pôde ser visto em montagens como In on it e À primeira vista – esta recentemente encenada na cidade com Drica Moraes e Mariana Lima. Agora, no entanto, é hora de encerrar a trilogia com Cine Monstro. O próprio Enrique se desdobra em 13 personagens, em montagem que estreou no Festival de Teatro de Curitiba, em 2012. O universo é mórbido: um crime em família. Serão apenas três datas: 23 a 25, no Francisco Nunes.

 

 

CONCERTOS PARA BEBÊS
O futuro


» A principal novidade desta edição são os espetáculos voltados para o público infantil, que ganhou o nome de Fitinho. O interessante é que no pacote com seis montagens há uma destinada a uma plateia ainda mais pequenina. O português Concertos para bebês foi pensado para a primeira infância. No palco ficam saxofones, clarinetes, cavaquinhos e outros instrumentos e também os espectadores mirins. Compositores como Mozart, Bach e Monteverdi são os escolhidos para a comunicação direta entre artistas e público. Concertos para bebês estará em cartaz nos dias 24 e 25, com sessões às 10h30 e às 17h, no Francisco Nunes.

FIT-BH
Até dia 25, em Belo Horizonte. Ingressos para espetáculos de palco e espaço alternativo R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no Mercado das Flores, Av. Afonso Pena com Rua da Bahia, ou pelo www.fitbh.com.br.

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