A mostra, conta Francilins, apresenta conjunto de obras (objetos, instalações e sala com fotos em grande formato) que dialogam com a arquitetura e a paisagem humana dos prostíbulos da Guaicurus. A partir de imagens e sons que ele vem coletando desde 2001, em várias partes da América Latina, ele cria estereoscopias, que são peças que, como o processo estereofônico, operam por canais diferentes, e que o artista dissocia em objetos em que o olho esquerdo vê uma coisa e o direito outro. O mesmo é feito com os ouvidos, que escutam diferentes sons. Como explica, é experimentação sensorial, conexão energética com o espaço, exercício de alteridade. Vivência que permite refletir sobre arte, cidade, moralidade.
Data de 2001 a primeira incursão de Francilins na Guaicurus “com câmara fotográfica e perspectiva antropológica”. Produto desstas vivências foi a monografia Vielas (2007), apresentada na UFMG, a primeira em suporte imagético aceita no Brasil. Acrescente-se publicação de textos e ensaios, participação em diversas exposições e o livro Limbo (2013). “É um trabalho com estruturação poética e artística sobre outra banda da nossa moral, do nosso cérebro, do que se varre para debaixo do tapete, inframundo importante para formar o mundo e a nossa psique”, afirma. Com relação a artistas com cuja obra dialoga, destaca todo os que articulam arte e vida ou política, arte e reflexão, como Cláudia Andujar e Artur Omar.
Inframundo tropical – Interações artísticas
Exposição de objetos, fotos e projeções, hoje, às 20h, no Hotel Diamante (Avenida Santos Dumont, 574, Centro). Aberta todos os dias, das 10h às 22h. Até dia 4 de maio.