O feriado prolongado terá diversos museus e espaços culturais abertos, oferecendo ótimas programações. Grandes exposições, idealizadas depois de muita pesquisa, trazem visão ampla da obra de artistas, da trajetória de personalidades históricas e até do Brasil. Aos cristãos, vale lembrar: algumas instituições mantêm coleções notáveis de arte sacra, com esculturas criadas a partir de motivos religiosos por alguns dos mais importantes artistas brasileiros dos séculos 17 a 19.
A mostra mais saborosa em cartaz em BH talvez seja Cotidiano e sonho, da mineira Wilma Martins. A curadoria é assinada pelo crítico Frederico Morais, marido da artista. Ilustradora, desenhista, gravadora e pintora, ela mora no Rio de Janeiro há mais de 40 anos.
O título da exposição se refere à extensa série de obras em papel ou tela em que bichos e paisagens selvagens invadem ambientes domésticos como salas, cozinhas e bibliotecas.
As imagens intrigam, inclusive pela beleza, pois Wilma Martins – aluna de Guignard – é desenhista admirável, dona de linhas preciosas e sintéticas, manuseadas com perícia e ironia.
Os trabalhos desconcertam pelo confronto entre vários elementos: diferenças de escalas; choque entre o desenho rígido (preto e branco ou cinzento) dos cenários e o batimento orgânico colorido dos personagens; a clareza da proposição e o nonsense. Sedutoras, essas imagens resistem a serem decifradas e se colocam desafiadoramente diante do espectador. A arte de Wilma encanta e faz pensar.
WILMA MARTINS
Gravura, desenho, pintura e aquarela. Galeria de Arte do Minas Tênis Clube 1, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1000. Hoje, das 11h às 19h; amanhã, das 10h às 20h; domingo, das 11h às 19h. Fecha na segunda-feira. Entrada franca.
História do Brasil
Está em cartaz no CCBB-BH a monumental Um olhar sobre o Brasil, com curadoria de Boris Kossoy e Lilia Moritz Schwarcz. “Tenho pensado o nosso país através da documentação fotográfica, buscando imagens que dão vida, presença, a seus personagens”, explica Kossoy. Graças a ele, conhecemos o franco-brasileiro Hercule Romuald Florence (1804-1879), que morava em Campinas (SP). Trata-se de um dos inventores de processos fotográficos antes de 1839, a data “oficial” do surgimento da fotografia. A mostra é aberta com uma foto e um experimento desse pioneiro.
O público se depara também com imagens das primeiras décadas do século 20, retratando tanto a chegada de imigrantes, a urbanização e a industrialização quanto a crise social no sertão nordestino, simbolizada por Lampião e bandos de cangaceiros. A falta de abordagem mais extensa e complexa dos anos 1930 para a frente, além da tendência de muitos fotógrafos ao oficialismo e ao maniqueísmo (glorificando ou detratando personagens e situações), esfria a seção dedicada à formação do Brasil contemporâneo, ainda que haja boas fotos de grandes autores.
UM OLHAR SOBRE O BRASIL
Fotografia. CCBB. Praça da Liberdade, Funcionários, (31) 3431-9400. Fecha hoje. De amanhã a segunda-feira, das 9h às 21h. Entrada franca