A nova montagem da companhia – conhecida aqui principalmente pelas peças Hysteria, Hygiene e a parceria com o Espanca!, Marcha para Zenturo – propõe relação diferente com o público. “É para se perder dentro do espetáculo”, avisa Luiz Fernando. A despeito do nome, não é à toa que Nada aconteceu... é chamada de “peça-acontecimento”. Ela tem como “base fabular” o clássico Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues. Desse texto, considerado marco fundador do teatro moderno brasileiro, o grupo explorou a diversidade de planos e a alucinação.
“A peça tinha tudo o que a gente queria: plano alucinado e memória”, explica o diretor, que assina a dramaturgia em parceria com Alexandre Dal Farra. A decisão foi convidar a plateia para o casamento de Alaíde (interpretada por Janaina Leite) e Pedro (Rodolfo Amorim). Quando os espectadores chegam, presenciam a montagem da festa, assim como as angústias da noiva.
Luiz Fernando Marques e os atores questionam as convenções sociais. “Nelson fala muito de inércia. Você não entende se Alaíde ama o Pedro ou não. O casamento acaba virando uma grande caricatura: tem a ver com a sociedade do espetáculo, com o que casamento tem de show”, comenta Marques. No conjunto das referências pop aparecem de Roberto Carlos e Ziraldo a Louro José.
NADA ACONTECEU, TUDO ACONTECE, TUDO ESTÁ ACONTECENDO
Esquyna – Espaço Coletivo Teatral. Rua Célia de Souza, 571, Sagrada Família, (31) 9755-9901. Quarta e quinta, às 21h. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).