Quase 18 anos depois do primeiro encontro, Katie Duck está de volta para uma experiência ainda mais estreita com a coreógrafa brasileira. Até sexta-feira, ela ministra workshop no ateliê mantido no Casa Branca, distrito de Brumadinho. Para a americana com alma punk, o encontro com os brasileiros é mais uma oportunidade de trocar experiências e alertar sobre a importância da percepção do corpo que dança.
“Estimular a percepção é a coisa mais importante do workshop. Preciso de pessoas acordadas”, diz Katie. Depois de experimentar o teatro comercial americano e a dança moderna, em 1976 Duck mudou-se para a Holanda. Na Europa, associou-se a figuras como o dramaturgo italiano Dario Fo e deu continuidade à carreira, sempre pautada pela busca do novo.
Atualmente, a pesquisa de Katie Duck em improvisação está intimamente ligada à música, ao uso da internet e ao estudo das neurociências. “A internet nos mostra que tudo é ao vivo”, comenta a bailarina. Sendo assim, característica que também é fundamental na rede, a interatividade, ganha protagonismo nas criações que Duck leva para o palco. “O tempo e o espaço são percebidos de forma diferente na internet, porque, basicamente, é uma forma de comunicação”, acredita.
“É como se você entregasse um controle remoto para cada um do público. Assim, você permite que eles também mudem você. A estrutura que você trabalha pode até ser aberta, mas pode mudar, tomar outras decisões de acordo com o desejo da plateia”, diz. Em 2002, em parceria com outros artistas de Amsterdã, Katie publica vídeos caseiros no YouTube. O objetivo é sempre provocar novos criadores a construir presença na rede como parte do processo criativo.
Outra vertente muito forte na pesquisa de Katie é associação da improvisação e da música. Ao longo da carreira, trabalhou com músicos que comungavam da paixão pela performance em tempo real. Em 2002, criou em parceria com o instrumentista Alfredo Genovesi o projeto Magpie, voltado para a reflexão desta vertente artística. Atualmente, Katie mantém um curso de verão em improvisação, com frequência anual, em Amsterdã.
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O próximo encontro prático previsto para o ateliê de Dudude Herrmann é com a paulistana Cristiane Paoli Quito. A pesquisa dela gira em torno da arte do palhaço, mas principalmente as interseções entre as linguagens de teatro, dança, circo, teatro de bonecos e música. O workshop está previsto para março. “Meu desejo é compartilhamento, troca, colaboração”, diz Dudude sobre a proposta do espaço, mantido no Casa Branca.