Livro de Pedro Tierra resgata poemas escritos durante a ditadura militar

Pseudônimo de Hamilton Pereira da Silva, a obra retrata a história em versos sobre a capacidade humana de resistir às agruras da tortura e do cárcere

por Vanessa Aquino 25/12/2013 10:10

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Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Hamilton foi torturado e quase morto durante os cinco anos em que esteve preso (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Pedro Tierra era o nome utilizado no período da resistência a repressão da ditadura militar. Atualmente, é o pseudônimo do poeta tocantinense e secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira da Silva, que dá voz ao livro A Palavra contra o muro — registro em versos da capacidade humana de resistir às agruras da tortura e do cárcere. Mas, afinal, em que pensa alguém quando é colocado contra o muro? "(Ele) pensa que a sua humanidade tem que vencer o medo. A possibilidade dele voltar a encarar o espelho com serenidade depende do comportamento que terá diante dos seus algozes", afirma o autor.

Hamilton sentiu na carne a violência da opressão de um dos períodos mais difíceis da história do Brasil - foi torturado e quase morto durante os cinco anos em que esteve preso (1972/1977). "Os poemas foram escritos quando eu passei pelo DOI CODI, DOPS, Presídio Tiradentes, Presídio do Hipódromo, Carandiru e Presídio Barro Branco. Os poemas refletem um ambiente que se abateu pelo país, definido como anos de chumbo. É um livro duro, difícil, de testemunho", diz Hamilton.

Enquanto esteve preso, amigos buscaram contatos na Alemanha para subsidiar a publicação do livro. Segundo Hermann Schulz, primeiro editor do poeta, os manuscritos de Pedro Tierra chegaram à Europa em meados da década de setenta. "Foram-me oferecidos por um homem que até então eu desconhecia, chamado José Ferreira. Tencionavam, com a publicação dos poemas, arranjar recursos para o movimento de oposição no Brasil, escreveu-me Ferreira de Paris; e que o autor estava preso havia três anos por motivos políticos. Fora tarefa extremamente difícil conseguir que os textos saíssem clandestinamente da prisão."

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