Depois de estrear na literatura com o volume de poesias 'Eletroencefalodrama' (1988), lançado de forma independente por uma pequena editora que ele mesmo criou, a Ciência do Acidente, o poeta e romancista Joca Reiners Terron acabou migrando para grandes editoras, a exemplo de vários colegas de geração. A Companhia das Letras acaba de mandar para as vitrines o romance 'A tristeza extraordinária do leopardo-das-neves', que Terron vai lançar hoje em BH como convidado do projeto Ofício da palavra.

Nascido em 1968 e radicado há muitos anos em São Paulo, o cuiabano situa seu novo livro no Bom Retiro, tradicional bairro paulistano. Numa velha casa, uma enfermeira especializada em tratar de pacientes terminais toma conta de uma criança. Adepta de hábitos noturnos, a personagem nunca recebe visitas e só se conecta com o mundo pela janela. Enquanto isso, o Bom Retiro vai se transformando com a chegada de imigrantes coreanos e bolivianos.

Pelas ruas do bairro, palco de tantas histórias da capital paulista, transita também o escrivão que investiga um caso estranho, destaque nos noticiários policiais. As duas tramas se cruzam, fazendo de 'A tristeza extraordinária do leopardo-das-neves' um romance que caminha pela mesma seara de Edgar Allan Poe e H. P. Lovercraft.

Aos 45 anos, Joca Terron está entre os autores mais representativos de sua geração. Autor dos romances 'Do fundo do poço se vê a lua', 'Guias de ruas sem saída' e 'Curva de Rio Sujo', ele participou de várias antologias, como 'Geração 90: os transgressores', organizada por Nelson de Oliveira, e 'Contos cruéis: as narrativas mais violentas da literatura brasileira contemporânea', de Rinaldo de Fernandes. O cuiabano assinou também a peça 'Bom Retiro 958 metros', encenada pelo grupo Teatro Vertigem no ano passado.

OFÍCIO DA PALAVRA
Com Joca Reiners Terron, que lança o romance A tristeza extraordinária do leopardo-das-neves (Companhia das Letras). Hoje, às 19h30, no Museu de Artes e Ofícios (Praça da Estação). Entrada franca. Informações: (31) 3225-1888.