Redes sociais se transformam em espaço de articulação de eventos que vêm cada vez mais movimentando as ruas da cidade

Caso se aplica às movimentações do Harlem Shake e do St. Patrick's Day

por Ana Clara Brant 15/03/2013 08:41

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SIDNEY LOPES/EM/D.A PRESS
Versão mineira do Harlem Shake agitou a Savassi e rola outra vez, dia 23 na Praça do Papa (foto: SIDNEY LOPES/EM/D.A PRESS)
Foi assim com a Praia da Estação, com o carnaval, com a festa de St. Patrick's Day (que tem nova edição neste sábado) e, mais recentemente, com o fenômeno viral Harlem Shake. A internet e sobretudo as redes sociais têm tido, cada vez mais, papel fundamental na divulgação e até na criação de eventos pela cidade. Maneira prática, rápida, barata e eficiente de mobilizar as pessoas, mas que pode trazer tanto ônus quanto bônus. Os desfiles dos blocos de rua de Belo Horizonte, que começaram a ganhar força em 2009 e tiveram um boom este ano, estão entre os principais exemplos da força do Facebook, do Twitter e afins. Agremiações que inicialmente levavam 100, 200 pessoas, em 2013 arrastaram até 10 mil foliões. “Acho que, independentemente das redes sociais, esses movimentos cresceriam naturalmente pelo boca a boca, apesar do poder que a internet tem. Mas não vejo isso como lado negativo. Evento público não é só para uma panelinha, a cidade inteira deve participar”, defende o publicitário e ativista político Fidélis Alcântara.

No caso do Harlem Shake, hit eletrônico do produtor norte-americano Baauer que levou 700 pessoas para a Praça da Savassi, em fevereiro, o sucesso foi tamanho, que os organizadores chegaram a se preocupar com algum transtorno com a polícia, que apareceu. No entanto, tudo correu na normalidade e com muita animação. O evento criado por dois amigos no Facebook, que chegou a ter 1 mil confirmações, levou gente divertida e fantasiada para a praça, todos dançando alucinadamente a tarde inteira. “Não esperava que tivesse essa magnitude. Mas não incomodamos ninguém, não colocamos música alta e foi bem bacana. Não gastamos nada com panfletos, divulgação na rua. É muito mais prático você fazer um evento assim porque todo mundo tem celular, computador e está conectado”, acredita Lucas Almeida, um dos organizadores do Harlem Shake BH.

Ocupação

Para Fidélis Alcântara, há um interesse maior da população pela cidade e é justamente por meio das redes sociais que as pessoas conseguem se fazer ouvir. “E essa mídia ainda não atingiu o auge de seu poder e de transformação social. Ainda não dimensionamos o crescimento e a importância desses meios digitais e o quão eles estão cada vez mais alinhados com a população”, acredita o publicitário, que participa de movimentos como o carnaval e a Praia da Estação — manifestação divertida contra o decreto municipal que impunha uma série de restrições ao uso da Praça da Estação.

A jornalista Carolina Abreu, que vai defender dissertação de mestrado justamente sobre a Praia da Estação, lembra que caso não houvessem essa vontade e essa necessidade de ocupação do espaço público, de nada adiantaria a ampla mobilização no Facebook ou no Twitter, mas não nega a praticidade e o poder que as redes têm nesse sentido. “Um não existe sem o outro. A razão de os eventos existirem é a ocupação do espaço público, e claro, que com a ajuda da internet, fica mais fácil articular e divulgar. Mas não adianta fazer a mobilização on-line senão houver o laço físico também. Só o Face não é suficiente”, ressalta.

Professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG e pesquisadora do Centro de Convergência de Novas Mídias (CCNM), também da universidade, Geane Alzamora diz que cada época tem sua mídia preferencial e que, certamente, outra surgirá. No entanto, destaca que isso não significa que as tradicionais como a televisão e o rádio perderam sua importância. “No momento atual, a vida da juventude se passa nas redes sociais. Mas não há ruptura com as mídias de massas preferenciais. O rádio e a TV se acoplam a esse processo. À medida que esses eventos de impacto social passam a ser divulgados na rede e a ter grande adesão, a tendência é a mídia tradicional passar a cobri-los”, analisa.

Vem aí

» Neste sábado, estão programados dois eventos na cidade que tiveram grande mobilização pelas redes sociais. O ST. Patrick’s Day BH, que celebra o Dia de São Patrício, padroeiro da Irlanda, ocorre das 13h às 22h, no Parque das Mangabeiras. No programa, oito bandas e seis DJ’s se revezarão em três palcos. Segundo Otacílio Mesquita, um dos organizadores da festa, o ST. Patrick’s Day de 2012 foi o evento promovido em Minas pelo Facebook com o maior número de confirmações (25 mil). “É a nossa principal ferramenta de divulgação e parâmetro também, já que não necessariamente todo mundo que confirma ou curte a página no Face vai ao evento. Acho isso extremamente positivo”, frisa. A camiseta/ingresso custa R$ 35 (preço único), na Central dos Eventos (www.centraldoseventos.com.br). Não é obrigatório o uso da camiseta. Informações: www.facebook.com/stpatricksdaybhz.

» E na Avenida Bernardo Monteiro, também neste sábado, a partir das 14h, rola o movimento Fica Fícus, um PICnicPRAIA em defesa dos fícus que estão doentes e sendo cortados pela Prefeitura. Estão previstas atividades como piquenique, música, rodas de capoeira e intervenções artísticas, entre outros. Informações: https://ficaficus.concatena.org/.

» No dia 23, a partir das 14h, na Praça do Papa, rola a Mega Harlem Shake. Pelo menos 2 mil pessoas já confirmaram presença. Informações no Facebook.

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