Exposição no BDMG Cultural propõe diálogo entre a arte das ruas e das galerias

Mostra reúne colagens e montagens dos artistas Gabriel Nast, Dagson e Haisson

por Walter Sebastião 06/02/2013 10:44

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BDMG Cultural/Divulgação
(foto: BDMG Cultural/Divulgação)
Um linguagem entre a arte de rua e das galerias e museus. Esse aspecto, explica o curador Rafael Perpétuo, merece atenção nas colagens, montagens e aquarelas que os artistas plásticos Gabriel Nast, Dagson e Haisson mostram a partir de amanhã na Galeria de Arte do BDMG Cultural. O trio é conhecido pelos grafites que realiza nas ruas ou em espaços institucionais. A exposição leva o nome de 'Antropologia para formar uma topografia de um lugar sagrado', expressão do suíço Harald Seezmann, um dos criadores da prática da curadoria, e remete à ideia de estudar manifestações humanas para investigar um lugar (o mundo das artes) tido como sagrado.

Os trabalhos de Nast, explica Rafael Perpétuo, valem-se da colagem para criar representações da cultura brasileira. “São colagens de culturas buscando uma representação do Brasil”, observa, sinalizando a homologia entre tema e técnica. Dagson, por sua vez, usa materiais descartados, especialmente madeiras, para criar peças tridimensionais que dão corpo ao imaginário pessoal que são “quase uma mitologia” da comunidade onde vive o artista. As aquarelas de Haisson, observa o curador, são suaves. Com “construções sem muita ordenação”, que oscilam entre o abstrato e o figurativo, o artista processa memória de infância na favela.

Rafael Perpétuo, falando sobre a relação dos grafiteiros com galerias e museus, conta que a distância entre uns e outros está no fato de os autores não aceitarem a mercantilização da arte e “estruturas sistemáticas” que tendem para formações muito rígidas. Os grafiteiros, na opinião do professor, deveriam também apresentar suas obras em galerias e museus. “O que mostraria que a arte contemporânea é também construída pelo grafite, além de evidenciar o quanto a prática tem conceito e técnica”, observa. Ele explica que, como professor, o que interessa não é exatamente esse debate, mas “construção e aprofundamento de uma história da arte pelos artistas”.

Arena

O curador é artista plástico e professor do Arena da Cultura. O projeto, depois de interrompido por dois anos para reformulação, fazendo discussões sobre metodologias de ensino, retomou atividades a partir de 2011. O momento atual é de trabalhos que consolidem o programa como uma escola de arte da prefeitura e voltado para arte contemporânea. Ele oferece cursos livres em cinco áreas: artes visuais, música, teatro, dança e patrimônio. Rafael comemora a inserção do último no rol do projeto: “Faltava a Belo Horizonte alguma atividade que formasse cidadãos interessados na preservação da cultura da cidade”.

Antropologia local para formar uma topografia sagrada
Obras de Gabriel Nast, Dagson e Haisson. Galeria de Arte do BDMG Cultural, Rua Bernardo Guimarães, 1.600, Lourdes. A partir desta quinta-feira. Aberta todos os dias das 10h às 18h. Até 3 de março.

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