Ron Wood revela bastidores dos Rolling Stones e dos anos 1970, emblemáticos para a história do rock

O próprio músico ilustrou a autobiografia

por Mariana Peixoto 20/01/2013 09:51

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Ron Wood mandou para as livrarias um relato sincero sobre o universo pop, as drogas e a banda Rolling Stones


Se for para escolher a biografia de um Rolling Stone, dificilmente Ron Wood será a primeira opção. Mas justiça seja feita: sua autobiografia, agora editada no Brasil pela Generale, foi lançada originalmente em 2007, ou seja, três anos antes da fantástica Vida, de Keith Richards. Mesmo com o atraso – e sem as atualizações, pois a carreira e a vida pessoal do músico registraram passagens bem interessantes nos últimos anos –, o livro tem seu sabor. Para começar, pela despretensão.

Ron Wood – A autobiografia de um Rolling Stone é narrado como uma grande conversa com o leitor. Sincero e afável, o guitarrista não implica com ninguém e nem busca prestar contas, como astros procuram fazer quando decidem escrever sua própria história. Mas Ron diz lá suas verdades, pois ninguém é de ferro.

Com a primeira parte mais morosa – infância e família, sem grandes sobressaltos –, a leitura vai empolgando quando ele começa efetivamente a tocar. Não custa nada lembrar: antes dos Stones, Wood fez parte do Jeff Beck Group e do Faces, duas bandas importantes para se entender o rock dos anos 1960. Ele não disfarça a dificuldade que enfrentou, ao lado de Rod Stewart, para integrar o grupo de Beck, dono de um ego acima da média. Com o Faces, conseguiu alcançar o tão sonhado estrelato.

Mas foi com os Stones que Wood atingiu o ápice da carreira. Ele diz ter ouvido de Muddy Waters, fonte de inspiração para Jagger e Richards, palavras proféticas: “Sei que você é o meu homem nos Rolling Stones”. A conversa com o blueseiro se deu na década de 1960. O guitarrista só entraria para a superbanda em 1975.

Keith Richards ganha generosas páginas. Amigos muito antes de se tornar Stone, Wood mostra, do lado de dentro, como funciona a difícil engenharia de integrar o maior grupo pop em atividade. “Com os holofotes, Mick fica maior em relação à banda, mas sem Keith ela não existiria. Músicos de outros grupos seguem o baterista. Nos Stones, vamos atrás de Keith”, resume.

Pincéis

As artes plásticas, presentes desde a juventude de Wood, também têm destaque – em vez de velhas fotos, o livro é ilustrado com desenhos e pinturas dele. O músico assume os erros que cometeu em decorrência do abuso de álcool e drogas, que o fizeram perder muito dinheiro.

Como viveu os anos 1960 e 1970 em toda a sua intensidade, o guitarrista não se furta a revelar o troca-troca que havia entre amigos. A primeira mulher dele, Krissie, ficou com George Harrison, enquanto Wood ficou com Pattie Boyd – aquela por quem Eric Clapton se apaixonou e para quem escreveu Layla.

Mais tarde, Wood se apaixonaria perdidamente por Josephine, que veio a se tornar sua segunda mulher. É hilária a narrativa dos dois, mais Richards, no auge do vício em heroína, dividindo um quarto minúsculo durante três dias em um hotel parisiense. Em 2007, quando acabou de escrever suas memórias, Ron Wood era um homem apaixonado. Um ano mais tarde, ele abandonaria Josephine para entrar em nova roda-vida de namoradas até se casar, no fim de dezembro do ano passado, aos 65 anos, com Sally Humphreys, de 34. A vida continua dando voltas para esse Stone.

RON WOOD – A AUTOBIOGRAFIA DE UM ROLLING STONE
De Ron Wood
Editora Generale, 382 páginas, R$ 54,90

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