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No domingo, às 20h, em Santiago, no Chile, será a última vez que o encontro de Julieta e Romeu será encenado sobre a veraneio Esmeralda. Com o fim da peça, os registros em imagens e vídeo servirão para complementar a experiência já guardada na memória de quem um dia se deixou embalar pela cantiga “flor, minha flor, flor vem cá”. Ou seja, não haveria momento mais propício para a estreia na telona.
Com 24 minutos de duração, o documentário parte de uma foto de Magda Santiago, feita em 1992, exatamente no dia da estreia da peça em Belo Horizonte. À medida que os convidados se encontram naquela imagem, é como se voltassem no tempo. “Na verdade, o espetáculo é o pano de fundo. O filme fala da relação das pessoas com o teatro, com a praça pública, em um momento importante para BH. Acho que ele apresenta uma memória do que o teatro de rua representou para a cidade”, diz Chico Pelúcio.
O filme costura os depoimentos de 18 pessoas. “Fizemos a edição privilegiando os assuntos abordados. São blocos que vão se contrapondo”, conta o diretor. Os convidados comentam como estavam naquele dia, o momento histórico que a cidade vivia e se deixam emocionar pelas lembranças. À foto de Magda Santiago se somam as imagens da apresentação de Romeu e Julieta no mesmo lugar, porém duas décadas depois. Foi durante o Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte, o FIT-BH 2012. No dia em que cerca de 5 mil pessoas estiveram na Praça do Papa para rever a peça, os personagens do filme se posicionaram exatamente no mesmo local onde estavam em 1992.
“Lembro dos carros parando e chegando gente... chegando gente”, recorda a atriz Paula Manata, uma das convidadas. “A Praça do Papa era uma coisa distante. Tinha um pouco de receio. Falava: ‘Gente, a praça é muito grande, o Galpão é doido, eles vão apresentar o espetáculo lá””, continua a integrante do Grupo Armatrux. “Estou arrepiada lembrando daquele dia”, comenta Maria Cristina de Andrade. “Era tudo muita novidade mesmo, muito inédito. Desde os pequenos detalhes, das flores de plástico. Lembro disso porque era uma linguagem tão próxima da gente, da casa da minha avó”, destaca a produtora Fernanda Vidigal.
Na estreia da peça de Shakespeare, Chico Pelúcio interpretava o padre. Fora de cena, na reestreia em 2012, ele se dedicou a esse delicado registro de memórias relacionadas ao espetáculo, que é um marco na história do teatro mineiro. “O curta é uma homenagem ao espectador e ao teatro”, resume. O filme, dirigido em parceria com Rodolfo Magalhães, é a segunda experiência do ator atrás das câmeras. “Estou me divertindo muito. Primeiro porque não é a minha profissão, e como um visitante tenho mais liberdade”, confessa.
A estreia de Flor, minha flor na Mostra de Tiradentes faz do documentário o primeiro da safra cinematográfica do Galpão a chegar ao público. Além dele, também devem ser lançadas em 2013 novas produções, dirigidas pela atriz Inês Peixoto. São seis curtas-metragens baseados em contos de Antón Tchékhov, além de um longa sobre a experiência da companhia na tradução de Till, a saga de um herói torto para o espanhol e a apresentação do trabalho no Chile, no mesmo festival no qual Romeu e Julieta encerrará sua trajetória. “Essa questão do cinema está cada vez mais nos seduzindo”, reconhece Chico Pelúcio.
Tio e Till
De volta ao Brasil, o Grupo Galpão estará na programação da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. Com Tio Vânia (aos que vierem depois de nós), estará em cartaz entre os dias 24 e 27, no Sesc Palladium. Já Till, a saga de um herói torto, será apresentada no Grande Teatro do Palácio das Artes, de 31 deste mês a 3 de fevereiro.