Retrospectiva 2012 - Artes Cênicas

O diálogo de linguagens chamou a atenção nos palcos de Belo Horizonte. FIT levou o cinema para o teatro, dança invadiu as ruas da capital mineira e jovens atores apostaram na internet

por Carolina Braga 27/12/2012 08:08

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Guto Muniz/divulgação
Shakespeare para o povo: a volta de Romeu e Julieta à Praça do Papa reuniu 12 mil espectadores (foto: Guto Muniz/divulgação)
 

Alguns flertaram com a literatura, outros com o cinema. Até a internet conquistou seu espaço nos palcos. Os limites das artes cênicas ficaram mais flexíveis em 2012. No ano em que a população de BH renovou seus votos de apoio ao sempre saudado Festival Internacional de Teatro Palco e Rua (FIT), a agenda se mostrou saudavelmente diversificada. Por outro lado, a reabertura de espaços importantes para a capital, como os teatros Francisco Nunes e Clara Nunes, continua no campo das promessas. Até quando?. Musicais made in Minas foram novidade nesta temporada. O Grupo Tambor Mineiro lapidou sua pesquisa sobre a tradição afro em Galanga Chico Rei. Maurício Tizumba e seus companheiros da Cia Burlantins celebraram a negritude na montagem Oratório, a saga de dom Quixote e Sancho Pança, inspirada no clássico de Cervantes. Conhecido pela direção de peças infantis, Fernando Bustamante pela primeira vez dedicou um trabalho ao público adulto: Eu não sou cachorro não – Um musical brega. A circulação de montagens de fora do estado por aqui bateu recorde em 2012. Apenas o projeto Teatro em movimento trouxe 20 produções nacionais a BH, oito a mais que no ano passado. Outro reforço importante foi a chegada do programa Palco giratório ao Sesc Palladium. Na seara erudita, a Fundação Clóvis Salgado produziu três óperas: Tosca, A viúva alegre e Madame Butterfly, que ganhou encenação ousada no jardim japonês do zoológico de BH. Aos 81 anos, Wilma Henriques voltou aos palcos em Dama desnuda, espetáculo inspirado em A malvada, clássico do cinema. A criação de jovens autores, por sua vez, encontrou acolhida no projeto Janela de dramaturgia, que chamou a atenção para a produção contemporânea. ANIVERSÁRIOS Nos 30 anos do Grupo Galpão, o público foi presenteado com a remontagem de Romeu e Julieta, que atraiu cerca de 12 mil pessoas à Praça do Papa – local da estreia do espetáculo, em 1992. Outras comemorações: os 35 anos do Grupo Officina Multimédia; os 30 do Primeiro Ato; os 20 do Movimento Teatro de Grupo; os 10 da ZAP 18 e da Companhia Clara. Quatroloscinco festejou cinco anos de estrada. Destacaram-se, ainda, as homenagens ao centenário de nascimento de Nelson Rodrigues, o maior dramaturgo brasileiro. FESTIVAIS A fronteira do teatro com outras linguagens ficou em foco na 11ª edição do FIT. Foram 19 espetáculos internacionais, 12 brasileiros e 10 locais apresentados na cidade. Destacou-se a interpretação de Dani Barros em Estamira – Beira do mundo, adaptação do documentário de Marcos Prado. Chamaram a atenção duas montagens hiper-realistas apresentadas pelo grupo colombiano La maldita vanidad – Los autores materiales e El autor intelectual –, comprovando a consistência da pesquisa cênica da companhia, que tem apenas três anos. Se o FIT ofereceu programação vasta e equilibrada, 2012 foi marcado pela lacuna deixada pelo Festival Internacional de Teatro de Bonecos. INTERNACIONAL O teatro mineiro deu passos importantes no exterior. Convidado das Olimpíadas Culturais, o Grupo Galpão levou Romeu e Julieta para o Globe Theater, a cultuada réplica do teatro construído por Shakespeare em Londres. Os atores da Cia. Luna Lunera iniciaram na Dinamarca a preparação de Prazer, espetáculo que estreou em novembro em São Paulo. Além da temporada em Montevidéu e Buenos Aires, o Espanca! apresentou em BH O líquido tátil, peça dirigida pelo argentino Daniel Veronese. DANÇA Festivais de dança foram importantes plataformas de lançamento de propostas estéticas. Focado em intervenções na cidade, o Horizontes urbanos serviu como “palco” de estreia de Parada 7, primeira montagem de rua da Cia. Mário Nascimento. O Fórum Internacional de Dança (FID), com o tema “Seguindo em frente contra a corrente”, destacou novos trabalhos mineiros como Quadro negro, da Suspensa Cia. de Dança; Solo(s), de Izabel Stewart e Tana Guimarães; e De nós dois. Só, da Quik Cia de Dança. Inspirado nos universos de Guimarães Rosa e Milton Nascimento, o Primeiro Ato celebrou seus 30 anos com Pó de nuvens, coreografia da brasileira Denise Namura e do alemão Michael Bugdahn. OUSADIA No ano em que o Teatro Universitário da UFMG completou seis décadas, a nova geração de atores da cidade ofereceu instigante safra de espetáculos de formatura. A obra do escritor Marcelino Freire inspirou Pequenos romances, do TU. Alunos do Centro de Formação Artística do Palácio das Artes testaram as fronteiras do real e do virtual em Play me. Transmitida pela internet, a peça tem dramaturgia dependente da interferência do público. Com texto de Jô Bilac e direção de Rita Clemente, Delírio & Vertigem, com atores do Oficinão do Grupo Galpão, é bom exemplo de trabalho consistente.



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