Atriz mineira conta mudança de vida ao entrar para novela

Erika Januza, revelada em Subúrbia, quer se dedicar aos estudos para levar adiante a carreira. Para conquistar o papel, ela concorreu com 600 candidatas

por Carolina Braga 16/12/2012 10:01

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Ramon Lisboa/EM/D.A Press
Erika Januza, atriz (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Em uma tarde de março, a funcionária da secretaria do Novos Tempos Instituto Educacional, no Centro de Contagem, entrou apressada na sala da diretora. Estava completamente atordoada, praticamente sem voz, tremendo, mas com o telefone firme na mão. “Estão falando que fui aprovada no teste. Vou ter que ir para o Rio de Janeiro”, anunciou Erika Januza a Maria das Graças Maia Araújo, a dona Glícia. “Calma, fica tranquila e atende o telefone direito. Você está apavorada”, orientou a professora. Ela bem que tentou, mas a notícia era importante demais para ser tratada com tranquilidade.

Erika Januza havia sido a escolhida pelos produtores de elenco da Rede Globo para viver Conceição, a protagonista de Subúrbia, série dirigida por Luiz Fernando Carvalho. Tinha toda a razão em se “apavorar”. Desde os 4 anos enfrenta uma via-sacra na tentativa de realizar o sonho. Aos 27, consegue listar: foram concursos de beleza, testes para modelo, para propagandas de televisão e também para rainha do carnaval. O patamar máximo que havia alcançado foi como figurante de um comercial e, detalhe, apareceu de costas.

Quando o último capítulo de Subúrbia entrar no ar na quinta-feira, é bem capaz de Erika Januza ainda não ter captado a dimensão de tudo o que se passou com a vida dela em 2012. De atriz estreante na televisão passou a contratada da emissora sem nunca ter cursado sequer uma aula de teatro. “Ela queria fazer alguma coisa para ser famosa, mas não pensava em ser atriz. Sempre foi para o caminho de modelo, essas coisas. Mas de atriz mesmo, nunca pensamos. Aí, aconteceu”, comenta Ernestina Trindade, mãe de Erika.

Tina, como é chamada, perdeu as contas de quantas vezes acompanhou a única filha em testes e concursos. O pai, Edson Moisés Gomes, falecido há sete anos, também apoiava o sonho da menina desde criança. A própria Erika nunca deixou de acreditar. Tanto é que na primeira vez que foi ao Rio de Janeiro deu uma passadinha no mundo dos sonhos criado em Jacarepaguá. “Na minha viagem fui tirar uma foto no Cristo, no Pão de Açúcar e no Projac. Quando cheguei lá, o segurança não deixou. Fotografei de longe e falei pra todo mundo: ‘Está vendo esse muro? É o Projac’”, diverte-se.

As coisas pareciam nunca dar certo. Até o dia em que mais um anúncio de seleção chegou à caixa de e-mails dela. “Foi por acaso. Uma amiga mandou mensagem falando que não sabia o que era. Achei que fosse teste para campanha publicitária”, conta. Mandou as fotos pela internet e foi convocada para o primeiro teste de vídeo pelo produtor local, Anderson Cassimiro.
“Foi em uma tarde de sábado, na Praça da Liberdade. A Erika chegou bem mais cedo que todas as outras candidatas”, conta Anderson. Com a missão de encontrar uma menina muito bonita que não fosse atriz e tivesse habilidade para dançar, Cassimiro catalogou 600 candidatas. Erika não viu o teste de ninguém, assim como também não foi vista. A dança fez diferença. “Sempre fui muito tímida, mas não parava de dançar. E, querendo ou não, também é uma forma de interpretação. Seu corpo representa aquela música”, compara.

Descoberta

No dia que entrou no Projac para os primeiros testes nas locações, chorou. Muito. “Na hora dei um jeito, me concentrei e fiz o teste”, conta. De lá para cá, sua vida revirou. Teve aulas de interpretação e pouco a pouco tem procurado descobrir sua parcela atriz. “O que trouxe de interpretação foram as minhas experiências de vida mesmo.”
Sem formação como atriz, dedicou-se o quanto pôde. “Estava tão feliz, querendo tanto aquilo, que todo o tempo que tinha ficava por conta de decorar o texto. Era meu melhor amigo”, lembra. Além das falas na ponta da língua, Erika precisou se acostumar com a balbúrdia que é o bastidor de uma gravação. “Quem assiste a televisão não imagina como é por trás das câmeras. Estava ali na mesma situação. É muita gente e muita coisa acontecendo enquanto você tem que falar o texto que fez de tudo para decorar”, comenta.

A contratação de Erika pela Globo foi confirmada este mês. Falar em 2013, para ela, ainda é complicado. “Ter sido contratada também foi uma coisa inesperada. Tenho vontade de trabalhar, mas preciso estudar muito. Minha meta para o ano que vem é me aperfeiçoar”, planeja. Por enquanto, Erika continuará vivendo em Contagem, junto com a mãe e duas tias. “No momento, não tenho nada mais a pedir a Deus. Só a agradecer. Foi uma realização maior do que imaginava.”

Filha de Contagem

Há oito meses, quando batia o ponto na escola todo dia, às 8h, Erika não poderia supor que sua vida mudaria tanto. Da pacata rotina em Contagem passou a conviver com o vaivém em aeroportos e hotéis. Ela adora o novo ritmo, mas não se esquece dos amigos. “Toda vez que estou aqui, tenho uma lista de locais para visitar”, brinca. Erika distribui sorrisos por onde passa.

Não há deslumbre na postura de Erika. Ela esbanja simpatia e simplicidade. A nota máxima no teste de carisma vem no colégio onde trabalhava. Com panetone de presente para as colegas de “repartição”, cumprimenta uma a uma e se interessa pela vida dos colegas. Com dona Glícia, então, há muito respeito e admiração mútua.

“Ficamos surpresas porque sabíamos da vontade dela, da vocação, mas não esperávamos que fosse tão rápido. A Erika se destaca pela disciplina profissional. Sempre correu atrás com muita ética. Quando me falou que estava fazendo um teste para a Globo e precisava faltar, ficou preocupada porque é comprometida. Fico muito feliz e vaidosa com a vitória dela”, elogia.

Segunda temporada

Tudo indica que a saga de Conceição vai continuar. Uma segunda temporada de Subúrbia está cogitada para 2013. Além de Erika Januza, os atores Fabricio Boliveira e Dani Ornellas estão com os contratos acertados com a emissora carioca. A série faz parte do núcleo mais experimental da TV Globo, comandado por Luiz Fernando Carvalho, responsável por realizar na telinha criações como Hoje é dia de Maria, Capitu e, recentemente, Afinal, o que querem as mulheres?.

Enquanto isso...

... nos quadrinhos


Subúrbia também chegou aos quadrinhos. A série com roteiro de Luiz Fernando e Paulo Lins foi adaptada pelo quadrinista Paulo Franz, numa criação da LFC Produções e do Estúdio Retina 78. Em 64 páginas ele ilustra a trama e conta a história a partir do ponto de vista da personagem Conceição. O álbum ainda traz dezenas de fotos realizadas durante a produção da série para a TV.

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