Leitores se despedem de Alcione Araújo, cronista do Estado de Minas

Admiradores não economizam palavras no adeus ao escritor que soube cativar o seu público

22/11/2012 09:59

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Cristina Lacerda/Divulgação
Alcione Araújo respondia pessoalmente aos e-mails de seus leitores (foto: Cristina Lacerda/Divulgação)
Ele deixou a sensação de “quero mais”. Assim o filósofo e escritor Marcelo Pereira Rodrigues se sentiu ao saber que Alcione Araújo não mais escreverá a crônica de segunda-feira do caderno EM Cultura. Quinta-feira passada, uma parada cardíaca o levou. Desde então, leitores têm enviado e-mails ao Estado de Minas. Em vez de sintéticas mensagens – marca desta era da internet –, eles não economizam algo precioso para o cronista: a palavra.

 

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Marcelo Rodrigues relembrou a participação de Alcione no simpósio de filosofia realizado em Conselheiro Lafaiete, no ano passado. Ele e o amigo Charles Belmon ficaram encarregados de buscar o escritor no aeroporto de Confins e levá-lo à cidade da Região Central, a 100 quilômetros de BH.

“Amante de um bom vinho e de uma caipirinha, suas conversas não se esgotavam. Era um homem culto, inteligente e sensível. Um intelectual, na melhor acepção da palavra”, diz o filósofo. Para ele, essa morte deixou “um gosto de fel” para o Brasil. “Este ano, só perdemos gente boa: Autran Dourado, Marcos Paulo, Ivan Lessa, Millôr Fernandes e Chico Anysio, entre outros”, lamenta. E completa: “Ficamos mais burros”.

Célio Antônio Manso fez questão de manifestar seu carinho pelo amigo das segundas-feiras. “Rubem Braga, cronista igualmente ímpar, certa vez deu um conselho a si próprio: Tome tenência, velho Braga!. Agora, não dará ao Alcione o mesmo conselho – e sim: Não há que tomar tenência, Alcione”, escreveu ele.

Maria Antônia, que mora em Belo Horizonte, lembra que Alcione fazia questão de “cultivar” pessoalmente seus leitores. “Tive o prazer de ler seus livros, acompanhar suas crônicas – bem como comentá-las e dele receber atenciosos retornos”, conta ela.

Orgulhosa xará de uma das personagens do livro Pássaros de voo curto, lançado por Alcione Araújo em 2008, ela nunca se esqueceu do e-mail do autor comentando a feliz coincidência. “Daí vem a força para guardá-lo de forma boa na memória de todos: amigos, leitores, parentes – saber que ele se dedicou ao que muito gostava e que desempenhava tão bem”, diz.

No livro que lançou, Maria Antônia usou esta frase de Alcione como epígrafe: “E se o tempo sobre a terra tem um fim, há que dedicá-lo, ao máximo, àquilo que dá prazer, ao que dá alegria, ao que põe a vida no encalço da plenitude”.

Pedi a ele que fizesse uma leitura crítica de meu novo livro. Já contando com um ‘não’, recebi um ‘sim
>> Marcelo Pereira Rodrigues, filósofo

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>> Maria Antonia, escritora

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