Alcione Araújo, um pescador de palavras

19/11/2012 09:15

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
*Fátima Soares Rodrigues - Escritora Morreu Alcione Araújo. Alcione cronista, Alcione dramaturgo, Alcione romancista. Mineiro magoado com Minas. Mineiro de nascimento, ele tornou-se carioca por muito tempo e, em Belo Horizonte, nas últimas duas vezes em que estive com ele – na Academia Mineira de Letras e na Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes, por ocasião do lançamento do seu último romance, Ventania – Alcione dizia ao público que os outros estados o acolhiam melhor que Belo Horizonte. E eu ficava pensando no porquê. Coincidência ou não, em dezembro de 2010, no lançamento do seu livro de crônicas Cala a boca e me beija, na Academia Mineira de Letras, o auditório não estava lotado. Naquele mesmo dia e horário, no auditório da Cemig, Luiz Fernando Verissimo e Zuenir Ventura se apresentavam ao público. Na outra ocasião, em novembro de 2011, a presença de Alcione coincidiu com o show do cantor Roberto Carlos. E fiquei pensando se o Alcione dizia aquilo pela ausência de público... Certo é que o cronista Alcione Araújo, que tanto encantava os seus leitores nas manhãs de segunda-feira com a sua crônica no Estado de Minas, “encantou-se” quinta-feira, Dia da Proclamação da República, e pertíssimo de completar 10 meses do falecimento de outro grande escritor mineiro, Bartolomeu Campos de Queirós. Dizia-lhe sempre que não havia dia melhor para as suas crônicas: segunda-feira, início da semana, quando muitos estão apáticos pela jornada de trabalho que se inicia: abrir o jornal, pela manhã, antes de “pegar no batente” e dar com a prosa poética do Alcione, falando de pássaros, de mar, de amor, da chegada do outono, era o mesmo que se alimentar de coragem, de ânimo para dar sequência à vida... Alcione Araújo faleceu em um hotel de Belo Horizonte, depois de retornar de um evento em Ouro Preto. Por ironia do destino, nos braços da capital mineira. Tal qual a ave marinha, alcíone, que mergulha para apanhar peixe, o escritor Alcione Araújo mergulhava fundo na literatura, pescando, para nós, seus leitores, as mais belas palavras. As segundas-feiras mineiras não serão mais as mesmas, Alcione. Amanheceremos vazios de você.

MAIS SOBRE E-MAIS