Carlos Drummond de Andrade alimentava um carinho especial pela família

Laço afetivo com familiares era realçado nas obras do poeta

por Mariana Moreira 30/10/2012 15:00

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Divulgação / Fundação Casa de Rui Barbosa
(foto: Divulgação / Fundação Casa de Rui Barbosa)
Em um de seus clássicos poemas, Carlos Drummond de Andrade (31/10/1902 a 17 de agosto de 1987) cunhou: “Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã”. A paixão por lapidar o verbo, que o eternizou, logo se manifestou entre os descendentes. Primeiro, a família virou inspiração. “O poema A mesa é inteiramente baseado no clã. Ali, ele descreve os pais, irmãos e a filha única, Maria Julieta”, conta Flávio Goulart, sobrinho-neto de Drummond. Depois, a lógica se inverteu e foi o poeta quem se transformou em ponto de partida para criações literárias de quem o cercava. Corre como uma relíquia de família, com tiragem inferior a 200 exemplares, um pequeno livro de receitas de quitutes mineiros, reunindo alguma correspondência entre Flávia Goulart, conhecida na família como Favita, e o tio famoso. Doceira de mão cheia, além de cartas, ela compartilhava com Drummond o gosto pela boa cozinha regional. Fazia doces de frutas e os despachava para o Rio de Janeiro. Recebia, como recompensa, bilhetes de agradecimento que a chamavam de “mestra no ofício” e ressaltavam o “fabrico primoroso”. Uma das delícias natalinas criadas na cozinha de Favita foi classificada por ele como obra-prima do gênero. Receitas da Favita foi produzido em mutirão de parentes, em 2001, e reúne trechos manuscritos da correspondência gastronômica que uniu tio e sobrinha. Seis anos depois, a família se reuniu novamente, para mais um projeto editorial, desta vez com o apoio da Editora da Universidade Federal de Uberlândia. Querida Favita: cartas inéditas, divide com o público o lado do “afeto, a sabedoria, a gentileza e a lucidez”, de Drummond, nas palavras da própria destinatária. “Minha mãe tomou para si a prerrogativa de manter a relação com ele. Eram cartas sobre comidas, notícias de parentes, temas prosaicos”, relata Flávio Goulart. Outro projeto foi Conversa com a saudade, obra de memórias da matriarca, sob o formato de um diário, com trechos dedicados ao laço afetivo mantido com o poeta. “Ele era muito brincalhão. Minha mãe conta que ele tinha brincadeiras muito molecas, fazia imitações cômicas e caricaturas de si mesmo”, relata o sobrinho-neto. Favita não é a única autora da família. Seu filho Eugênio Marcos Andrade Goulart anda publicando sistematicamente, sobre temas diversos, como a Serra do Espinhaço, em Minas, o crânio feminino batizado de Luzia e as viagens do botânico e naturalista Saint-Hilaire pelas Gerais. Irmã de Eugênio e Flávio, Myriam Goulart mantém uma página dedicada à poesia durmmondiana, o www.reuniaobibliografica.com.br. Outra sobrinha, Teresa Julieta Andrade publicou um livro de poesias, Variável serenidade. Escute versos do escritor declamados por Edson Celulari e José Carlos Capinan Eu também já fui brasileiro - José Carlos Capinan: Infância - Edson Celulari:

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