Zuenir Ventura mescla ficção e história em Sagrada Família

Memórias do jornalista e escritor traçam o cotidiano de Flórida, pequena comunidade fictícia inspirada em Friburgo

por Agência Estado 22/06/2012 15:47

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(foto: Divulgação)
A epígrafe é elucidativa: “Só dez por cento é mentira. O resto é invenção”, lembrança a uma famosa frase do poeta Manoel de Barros. Com esse ponto de partida, o jornalista e escritor Zuenir Ventura sentiu-se à vontade para escrever Sagrada Família misto de memória e ficção que a editora Alfaguara lança neste sábado, 23, - o lançamento oficial acontece durante a Festa Literária Internacional de Paraty, em julho. “São lembranças que transformei em novas histórias”, conta. “Em um determinado momento, já nem sabia mais o que era fato real.” Conhecido por grandes obras de não ficção (como 1968 - O ano que não terminou), além de reportagens clássicas transformadas em livro (Chico Mendes - crime e castigo), Zuenir cultivava havia dez anos o projeto de delinear suas lembranças - não na forma tradicional de autobiografia, mas uma mescla movida à nostalgia. Assim, Sagrada Família concentra-se na cidade ficcional de Florida, na região serrana do Rio de Janeiro, nos anos 1940. Pelos olhos do narrador, Manuéu (alter ego do escritor), surgem personagens hilariantes, como a tia Nonoca, uma viúva fogosa pois ainda jovem, e suas filhas Cotinha e Letinha, incansáveis na luta por um novo amor. Ao traçar o cotidiano de uma pequena comunidade, Zuenir consegue reconstruir um importante período da história brasileira, que tanto compreende a iminente entrada na 2.ª Guerra Mundial como o importante passo na modernização da sociedade. “Essa foi uma época de muito recato escancarado e, ao mesmo tempo, muita malícia escondida, o que resultava em uma grande hipocrisia”, observa Zuenir, que se inspirou na história de duas primas para criar as irmãs Cotinha e Letinha. “Ainda está muito viva a memória da minha família, que me serviu de mote”, conta o escritor, que contratou uma pesquisadora para acertar datas e fatos históricos que ambientam a trama, enquanto ele próprio se ocupou de ouvir amigos e outros parentes. “O cineasta Roberto Farias, por exemplo, meu amigo de infância, cobrou a presença da Viuvinha no livro”, diverte-se ele, referindo-se à figura da mulher que se tornou lendária na cidade por iniciar sexualmente os garotos. Embora Florida seja fictícia Zuenir inspirou-se em seus momentos vividos em Friburgo.

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