Montagem de Palácio do fim chega a BH

José Wilker dirige Camila Morgado, Vera Holtz e Antonio Petrin em Palácio do fim, no Sesiminas

por Carolina Braga 18/05/2012 13:49

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Guga Melgar/Divulgação
(foto: Guga Melgar/Divulgação)
 
Seduzido pela maneira poética como a dramaturga canadense Judith Thompson narra os dramas humanos, o ator José Wilker, certa vez, voltou de Nova York convencido a montar Palácio do fim no Brasil. “É uma aposta na esperança do ser humano em encontrar uma alternativa no mundo em que as saídas estão cada vez mais estreitas”, elogia. Depois de temporadas celebradas no Rio de Janeiro, São Paulo, além de indicações e prêmios como o APCR de melhor espetáculo de 2011, a montagem chega a Belo Horizonte para curta temporada no Teatro Sesiminas. 
Com Antônio Petrin, Camila Morgado e Vera Holtz no elenco, Palácio do fim leva para o palco histórias verídicas sobre a guerra do Iraque pinçadas de jornais. A peça é composta por três monólogos que se intercalam. O caso da oficial Lynndie England, presa pela participação na tortura de prisioneiros é interpretado por Camila. Petrin faz o cientista britânico David Kelly, figura que relatou à BBC que não havia armas de destruição em massa no país. 
Indicada ao prêmio Shell pelo trabalho, Vera Holtz dá vida à Nehrjas Al Saffarh. Ativista iraquiana, comunista, ela conta os horrores aos quais foi submetida durante a ditadura de Saddam Hussein. “Hoje em dia, recebemos informação o tempo inteiro. De repente, o teatro permite uma lente de aumento nessas questões. É uma maneira de focar, de penetrar naquele universo e refletir sobre a natureza humana”, comenta a atriz. “Aconteceu no Iraque, mas o drama humano acontece aqui no Rio na Rocinha, no Alemão, nas periferias das grandes cidades brasileiras. Há uma universalidade na forma como a Judith trata do assunto”, completa José Wilker. 
Com mais de 50 peças de teatro no currículo, seja como ator ou diretor, Wilker defende Palácio do fim como uma alternativa ao varejão teatral que impera nas agendas das grandes cidades. “Tem se tratado teatro como divertimento. Isso é uma espécie de agressão. Teatro não é entretenimento. Há teatro de entretenimento, sim. Respeito, acho válido. Mas esse não é o meu viés”, avisa. 
Para José Wilker a montagem caminha na contramão do que tem sido feito. “Encantou-me dirigir porque a peça se presta a um olhar cinematográfico que acho bem legal trazer para o teatro. Tem coisa de edição de corte, de montagem que eu queria experimentar”, revela. Um dos elementos que traduzem esse flerte com o cinema é a iluminação de Maneco Quinderé. 
“Disse ao Maneco para usar os refletores como se fossem câmeras. Como se cada foco fosse uma lente. Há momentos em que a gente trabalha só com detalhes: apesar de tudo o que se tem no palco, o que se vê é só uma mão”, detalha. Na opinião de Vera Holtz, a contaminação entre artes, no caso, cinema e teatro, nada mais é do que um fenômeno da atualidade. 
“A qualificação do artista hoje é diferente. Ele tem paralelo com outras artes como o design, a arquitetura, as artes plásticas, o cinema. O criador não se apoia somente nas regras de um teatro tradicional para falar o que ele quer. Nossa peça é clássica, mas muito bem jogada. Assim como no futebol, tem regras. Palácio do fim segue as regras do teatro e jogamos da melhor maneira que podemos”, conclui a atriz.
 
Palácio do fim
Sábado, às 21h; domingo, às 18h, Teatro Sesiminas, Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia, (31) 3241-7181. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Classificação: 14 anos 


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