Exposição de Escher no Rio de Janeiro foi a mais vista no mundo

Talento para brincar com a ilusão de ótica parece ter agradado ao público

por Sérgio Rodrigo Reis 02/04/2012 11:42

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Divulgação/ CCBB Rio
(foto: Divulgação/ CCBB Rio)
Não vem do Museu do Louvre, em Paris, tampouco de instituições importantes como o Metropolitan de Nova York ou a National Gallery de Londres, a exposição mais vista do ano passado. O mundo mágico de Escher, apresentada pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, foi a mais visitada na média diária em todo o mundo. A informação é da publicação The art newspaper, que desde 1996 apura o ranking das exposições mais procuradas. Segundo a pesquisa publicada na edição que circula este mês, entre 18 de janeiro e 27 de março do ano passado, os trabalhos de Escher foram vistos por 573.691 pessoas, média diária de 9.677. Mas este não é o único feito do CCBB: ainda na lista das 10 mais visitadas aparecem mais duas de suas mostras: Mariko Mori: Oneness, que alcançou a 7ª posição, e Laurie Anderson, na 9ª (leia quadro abaixo). Os números que colocam o Brasil no 1º lugar no ranking mundial de exposições é fruto de um longo trabalho de acessibilidade, de curadoria e de escolhas acertadas do CCBB. Também reflete uma tendência de exposições interativas e o crescente interesse da população pelas artes visuais. Se o poder público ainda não atentou para o fato, como demonstram os poucos recursos para o setor em comparação com as demais formas de expressão, o mesmo não se pode dizer do cidadão comum, que ano após ano tem ampliado o interesse por museus e centros culturais. Exemplos não faltam, inclusive em Minas Gerais, como a Casa Fiat de Cultura e o Inhotim, com número crescente de visitações. Porém, as instituições locais ainda estão distantes dos números alcançados pelo CCBB do Rio, que tem ousado em suas estratégias. A começar pela seleção das programações. Ao contrário da maioria das instituições públicas que escolhem internamente as agendas, o CCBB abre um edital público e, entre as propostas apresentadas, escolhe 70% de sua programação. “Aos 30% restantes é dado o direito de preencher ou não com oportunidades”, explica Francisco Raposo, gerente de programação. Em 22 anos de atuação do CCBB do Rio de Janeiro – há ainda filiais em Brasília, São Paulo e até o fim do ano deverá ser inaugurada a de Belo Horizonte –, a instituição tem apostado em grandes exposições gratuitas e de forte apelo popular. Nas últimas temporadas, a preferência recaiu sobre um tipo de mostra com inúmeras possibilidades de interação. “Foi uma soma de fatores que levou Escher ao topo do ranking”, diz Raposo. “Além de ter sido a mais completa já realizada sobre o artista, permitiu ao visitante entrar e vivenciar a obra.” A direção do CCBB espera repetir o feito este ano. Para tanto, tem um orçamento de R$ 17 milhões anuais para, entre outras ações, realizar grandes mostras, como uma sobre a Amazônia, com obras que tiveram a floresta como tema, e ainda de alguns artistas daquela região. Outra promessa é uma mostra do britânico Antony Gormeley. Já em Minas Gerais, a exposição que abrirá o CCBB será do artista chinês Cai Guo-Kiang. “Procuramos sempre fazer algo para que tenha público”, continua Francisco Raposo. “Os últimos resultados superaram as expectativas e nos surpreenderam. Eles refletem o crescimento do Brasil e o fato de, cada vez mais, o país ter se tornado protagonista em várias áreas no cenário internacional.” • EXPOSIÇÕES MAIS VISTAS NO MUNDO* 1 – O mundo mágico de Escher – Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro) – 9,6 2 – Kukai’s world: The arts of esoteric buddhism – National Museum (Tóquio) – 9,1 3 – Landscape reunited – National Palace Museum (Taipé/Taiwan) – 8,8 4 – Alexander McQueen: Savage beauty – Metropolitan Museum of Art (Nova York) – 8,02 5 – Claude Monet (1840-1926) – Grand Palais (Paris) – 7,6 6 – Photoquai – Musée Quai Branly (Paris) – 7,3 7 – Mariko Mori: Oneness – CCBB (RJ) – 6,99 8 – Monumenta: Anish Kapoor – Grand Palais (Paris) – 6,96 9 – Laurie Anderson – CCBB (RJ) – 6,93 10 – The Prado – State Hermitage Museum (São Petersburgo/Rússia) – 6,6 * Visitação diária em 2011, apurada pela publicação The art newspaper

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