Maisa cresce e aparece em 'Pai em dobro'

A ex-estrela mirim do SBT/Alterosa protagoniza o filme sobre paternidade responsável que estreia nesta sexta-feira (15/01) na Netflix

Augusto Pio 14/01/2021 04:00
Netflix/divulgação
(foto: Netflix/divulgação )
No primeiro projeto da atriz, apresentadora e influencer Maisa Silva na Netflix, o filme Pai em dobro, ela interpreta Vicenza, jovem de comunidade hippie que vai ao Rio de Janeiro tentar encontrar seu pai, figura ausente em seus 18 anos de vida. Dirigida por Cris D'Amato (de Confissões de adolescente e É fada) e com roteiro de Thalita Rebouças, a aventura adolescente tem amor, humor e carnaval.

Filmado antes da pandemia, o longa também trata de uma questão bastante delicada: o abandono de crianças por parte dos pais, problema comum no Brasil. A produção estreia na plataforma na sexta-feira (15/1).

A ideia surgiu em um papo da escritora e roteirista com o ator Edu Moscovis – ele interpreta Paco, um dos “candidatos” a pai de Vicenza. Thalita Rebouças, que já teve diversos livros adaptados para o cinema, agora fez o caminho inverso: criou uma história original para a tela e depois escreveu o romance, lançado em novembro pela editora Rocco.

ODALISCA

“Foi muito rápido”, diz Thalita. “Logo depois de uma conversa com o Du sobre fazermos um filme, me veio a cena de ele vestido de odalisca para o carnaval, com uma filha de 18 anos chegando na vida dele. Nasceu assim. De brincadeira, mandei a ceninha para ele, logo pensei na Maisa e começamos a escrever.” Ela assina o roteiro ao lado de Renato Fagundes, Marcelo Andrade e João Paulo Horta.

Vicenza faz um desejo de aniversário para a mãe, Raion (Laila Zaid): conhecer seu pai. Com a resistência da mãe, a protagonista decide partir para o Rio de Janeiro com uma única pista, uma foto do carnaval de 2002 que mostra um endereço no bairro de Santa Teresa. Depois de encontrar Paco (solteirão que até leva na boa a possibilidade de ter uma filha perdida), ela esbarra em outras fotos de Raion com Giovani (Marcelo Médici), na mesma época.

Os dois novos relacionamentos entre possíveis pais e filha se misturam com a descoberta, por parte de Vicenza, do amor com o jovem Cadu. O personagem é vivido por Pedro Ottoni, revelação da internet – aos 21 anos, ele acumula centenas de milhares de seguidores no canal do YouTube ATORmentado.

O filme pode representar uma virada na trajetória de Maisa, que começou no SBT/Alterosa ainda criança e hoje, aos 18 anos, é uma das principais vozes do Twitter no país. “Tenho aprendido bastante nesses últimos tempos. Pai em dobro marca uma nova etapa na minha carreira, é o meu primeiro grande projeto depois que fiz 18 anos, o primeiro depois de sair da TV e o primeiro na Netflix”, diz. “Vicenza é diferente de tudo que fiz até hoje, sinto que ainda quero interpretar muitas pessoas diferentes.”

Maisa não tem um plano de carreira estabelecido, mas, a exemplo de atrizes da sua geração (como Maisie Williams, a Arya de Game of thrones), pretende manter canais abertos em diversas áreas: na atuação, apresentação, redes sociais e empreendedorismo. Em dezembro, ela anunciou a criação da Mudah, agência para conectar marcas e artistas, em parceria com o empresário Guilherme Oliveira.

As companheiras de Maisa na produção são só elogios. “É muito lindo acompanhar o crescimento dela como atriz”, diz Thalita. “Nesse filme, ela é um monstro, está perfeita, fala com os olhos.” É a terceira parceria entre a escritora e a atriz, depois dos longas Tudo por um popstar (2018) e Ela disse, ele disse (2019).

CRIANÇAS

“Maisa é uma estrela”, afirma a diretora Cris D'Amato. A cineasta conta que recebeu uma ligação de sua amiga, a produtora-executiva do filme Cecília Grosso, e topou a empreitada na hora. “Thalita é um sucesso. Sentia vontade de fazer um filme dela mesmo depois de É fada, e esse é o seu primeiro longa com 'roteiro original'. Ela tem proximidade com essa garotada, não é uma coisa de autora que fica em casa. A gente sai com a Thalita e as crianças vêm em cima dela. Ela tem um vocabulário que atinge as meninas sem ser piegas. É um dom para poucos”, diz Chris.

Rodado em locações no Rio de Janeiro, o filme teve os sets montados entre janeiro e fevereiro de 2020 – pouco antes de a pandemia chegar ao Brasil. “Estávamos filmando numa casa, em um dia meio chovendo, e comentei com a equipe que aquele negócio surgido na China ia chegar aqui, que era perigoso... Juro que fui sacaneada. As pessoas lembram dessa história porque o negócio tomou uma proporção absurda”, observa Chris D'Amato.

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