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Depois de oito meses de investigação secreta, Tobore Ovu- orie voltou com um relato chocante sobre os maus-tratos das jovens, mas também sobre as orgias organizadas por políticos locais e tráfico de órgãos para crimes rituais.
ADAPTAÇÃO
Seu relato, publicado em 2014 no jornal nigeriano Premium Times e na revista holandesa Zam Chronicles, inspirou uma produtora na Nigéria, que o adaptou para as telas.Oloture, que está disponível na Netflix desde outubro passado, teve um grande sucesso internacional para um filme nigeriano, cuja produção de cinema é volumosa, mas não costuma circular para além do continente africano.
"Oloture fala desses jornalistas que vão tão longe em sua investigação, que terminam sendo eles os protagonistas", afirma o diretor do filme, Kenneth Gyang. "Mas Oloture coloca no mapa principalmente essas mulheres vítimas de tráfico."
O tráfico de mulheres para a exploração sexual é um verdadeiro tormento na Nigéria, especialmente em Cidade de Benin, no Sul do país, que se tornou o centro de recrutamento de mulheres pelas redes criminosas para levá-las à Europa.
É difícil saber quantas, mas apenas na Itália estima-se que entre 10 mil e 30 mil nigerianas estão envolvidas na prostituição, segundo as autoridades.
Dezenas de milhares de outras nunca conseguiram atravessar o Mediterrâneo e estão presas na Líbia ou em outros países da África Ocidental, onde são exploradas pelos traficantes, que as fazem sonhar com a chegada à Europa.
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O combate a essas redes se transformou na grande luta de sua vida, mas a um preço muito alto. "Que efeito essa investigação teve em mim? Não sou nada além da sombra de mim mesma", afirma. "Tento sorrir, ficar feliz, mas a verdade é que, na maior parte do tempo, luto para me segurar na vida."