Festival Cinefoot Mulheres destaca a força feminina no mundo da bola

Evento, que estreia na quinta-feira (5), vai exibir 16 longas e curtas-metragens, entre eles produções do Brasil, Itália, Nepal e Suécia

Mariana Peixoto 04/11/2020 04:00
Cinefoot/Divulgação
A brasileira Marta em cena do documentário sueco Futebol para melhor ou para pior (foto: Cinefoot/Divulgação)

“Essa nova agremiação esportiva, que recebeu o nome de Mineiras F.C., foi fundada por um grupo de senhoritas da Rua Muriaé, princípio do Carlos Prates”, noticiou o Estado de Minas em 5 de abril de 1940 sobre o primeiro time de futebol feminino belo-horizontino. A história não iria muito longe, já que um ano mais tarde, em 14 de abril de 1941, por meio do Decreto federal 3.199, a prática do futebol, entre outros esportes, foi proibida para mulheres.

Por lei, a proibição prosseguiu até 1979. Mas muito antes disso, as mulheres voltaram a calçar chuteiras, é o que a história mostrou. E até a entrada, neste ano, da ex-zagueira Aline Pellegrino para comandar o futebol feminino na CBF, muitas outras jogadoras fizeram a bola rolar em campo.

VIRTUAL

Dez anos depois de sua criação, o Cinefoot – Festival de Cinema de Futebol ganha sua versão feminina. De quinta-feira (5) a domingo (8), o Cinefoot Mulheres realiza sua primeira edição. Virtual, o evento vai exibir 16 curtas e longas sobre ou realizados por mulheres, além de debates, masterclass e seminário.

A edição também contará com podcast e um caderno de memórias com a trajetória do futebol feminino em Minas Gerais, parte do material produzido com o acervo do Estado de Minas.

Existe produção que justifique um evento anual dedicado ao segmento? “Fiz um levantamento sobre todos os filmes que exibimos (desde a criação do Cinefoot) e vi que 70% da programação tem mulheres envolvidas, seja no corpo do filme (direção, roteiro, fotografia, montagem etc.) ou no tema”, comenta Daniela Fernandes, diretora do evento.

Para a edição de estreia, a programação fez um recorte histórico, com filmes exibidos em versões passadas do Cinefoot (cuja edição 2020 será realizada entre 20 e 27 de novembro). O mais antigo deles é Geral (2010), curta de Anna Azevedo que acompanha durante duas semanas a “geral” do Maracanã. “Era importante mostrar esse recorte para que no próximo ano a gente abra para competitivas”, acrescenta Daniela.

Fazem parte da programação duas produções do EM: Paixões (2017), de Larissa Kümpel e Renan Damasceno, sobre três torcedoras históricas do América, Atlético e Cruzeiro, e Pioneiras Futebol Clube (2019), de Damasceno.

Entre os longas, há um filme brasileiro (Minas do futebol, de 2017, em que Yugo Hattori mostra meninas fazendo miséria em campeonato masculino), um sueco (Futebol para melhor ou para pior, de Inger Molin, lançado há três anos, sobre momento crucial do FC Rosengard, um dos melhores times femininos do mundo) e um nepalês (Sunakali, de Bhojraj Bhat, que em 2014 mostrou uma equipe de futebol feminino em um dos lugares mais pobres de seu país).

“Esta edição do festival é também um ato em defesa de respeito e igualdade para as mulheres. Queremos que esse primeiro capítulo, que mostra a história do futebol em BH, vá a outras cidades (nas próximas edições). É uma história de invisibilidade que durou 42 anos”, reforça Daniela. Tanto por isso, debates, mesas-redondas e podcast vão trazer à tona a trajetória do esporte no Brasil.

Entre as participantes dos debates estão Cristiane Rozeira, maior artilheira do futebol feminino na história dos Jogos Olímpicos; a ex-zagueira Aline Pellegrino; a cineasta Lina Chamie, que dirigiu vários filmes sobre futebol; a ex-jogadora da Seleção Brasileira Emily Lima, atual técnica da Seleção de Futebol Feminino do Equador; e Bárbara Machado, ex-zagueira do Atlético Mineiro e homenageada do festival.

EM/Divulgação
Paixões, de Larissa Kümpel e Renan Damasceno, será exibido no sábado (foto: EM/Divulgação)


CINEFOOT MULHERES

De quinta-feira (5) a domingo (8), em www.cinefootw.art.br. Gratuito.


PROGRAMAÇÃO


Quinta (5)

» 19h – Live de abertura (canal do Museu do Futebol)
» 20h – Longa Futebol para melhor ou para pior (Suécia)

Sexta (6)

» 10h – Curtas Tapete verde (Brasil), Louise (Brasil) e Dois pés esquerdos (Itália)
» 14h – Mesa “ONU Mulheres” (canal do Museu do Futebol)
» 17h – Curtas brasileiro: Time da Croa e Nunes FC
» 19h – Curtas brasileiros Eu jogadora, Geral e Radar, um time! Uma nação!
» 21h – Longa Minas do futebol (Brasil)

Sábado (7)

» 14h – Curtas brasileiros Geração Peneiras e Jogo truncado
» 17h – Curtas mineiros Paixões, Paçoca e Pioneiras F.C.
» 19h – Mesa “Esporte pela democracia” (canal do Museu do Futebol)

Domingo (8)

» 10h – Curtas Tapete verde (Brasil), Louise (Brasil) e Dois pés esquerdos (Itália)
» 18h – Live de encerramento (canal do Museu do Futebol)
» 19h – Longa Sunakali (Nepal)

Os filmes ficarão disponíveis por 24 horas a partir do horário de exibição. Debates e lives serão transmitidos ao vivo em www.youtube.com/museudofutebolspaulo

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