Cineastas franceses fazem carta de apoio à diretora de 'Lindinhas'

Produzido na França e adquirido pela Netflix, longa é acusado de sexualizar crianças e incentivar a pedofilia. Nos EUA, reações incluem pedido de boicote e investigação

AFP 17/09/2020 04:00
Bien ou Bien Productions/Divulgação
Produzido na França e adquirido pela Netflix, que o disponibilizou no último dia 9, longa é acusado de sexualizar crianças e incentivar a pedofilia (foto: Bien ou Bien Productions/Divulgação)

A convocação de boicote nos Estados Unidos ao filme francês Lindinhas, disponível na Netflix, é "um sério atentado à liberdade de criação", na avaliação da sociedade que representa autores, diretores e produtores na França.

Milhares de internautas norte-americanos acusam o filme de sexualizar as garotas que o estrelam. A diretora Maïmouna Doucouré e a Netflix destacam que, ao contrário, o objetivo do filme é justamente denunciar a sexualização das crianças.

"Este filme produzido na França, e posteriormente comprado pela Netflix para veiculação nos Estados Unidos, é emblemático da indispensável liberdade de expressão que o cinema, em toda a sua diversidade, necessita para abordar questões incômodas e, portanto, necessárias para o exercício da democracia", declarou a associação.

BOICOTE

"Em uma altura em que os americanos mais conservadores apelam ao boicote ao filme Lindinhas, queremos dar o nosso apoio a Maïmouna Doucouré, a sua realizadora, que ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Cinema de Sundance", diz ainda o comunicado.

Uma primeira onda de críticas no mês passado levou a Netflix a retirar o pôster usado para promover o filme, que estreou nos cinemas em meados de agosto, na França. A plataforma de streaming o disponibilizou no último dia 9, com o título em inglês Cuties (o original é Mignones). 

Embora os ataques venham de todos os tipos de usuários da internet, inclusive da esquerda, a questão reuniu muitos conservadores americanos.

"A polêmica começou com o pôster. O mais importante é ver o filme para entender que estamos na mesma luta", disse Doucouré à publicação norte-americana Variety. O filme conta a história de Amy, uma parisiense de 11 anos que deve transitar entre as regras rígidas de sua família senegalesa e a tirania da aparência nas redes sociais a que jovens de sua idade estão expostas.

Amy passa a integrar um grupo de dança formado por outras três garotas de seu bairro, cujas coreografias são sugestivas, à semelhança das performances de muitas estrelas da música pop.

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