Festival de Veneza comemora 'vitória' contra o coronavírus

Festival, que será encerrado neste sábado, foi ''laboratório' bem-sucedido nestes tempos de pandemia, afirma Alberto Barbera, presidente do evento. Crítica italiana destaca abertura de espaço para os novos cineastas

Estado de Minas 12/09/2020 04:00
João Miguel Júnior/divulgação
Tapete vermelho do Festival de Veneza, com menos jornalistas, observou as regras de distanciamento social (foto: João Miguel Júnior/divulgação)
A 77ª edição do Festival de Cinema de Veneza termina neste sábado (12) com um saldo positivo, depois de não registrar caso de coronavírus e ter exibido muitas produções de autores independentes.

O primeiro festival em tempos de pandemia, sem as estrelas de Hollywood e o público de fãs no tapete vermelho, foi realizado com total respeito às medidas de saúde, sem filas e aglomerações, com os espectadores sentados a distância, com um assento vazio de cada lado.

“Até agora, não foram registrados casos positivos de coronavírus. Isso é uma vitória”, afirmou Roberto Cicutto, o novo presidente da Bienal de Veneza.

Segundo Eleanor Stanford, em matéria publicada no jornal The New York Times, o distanciamento social foi “o valor agregado”, porque o espectador ficou mais confortável.
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Máscaras fazem parte do figurino de Alberto Barbera, presidente do festival, e da atriz Cate Blanchett (foto: AFP)


O Times considerou essa edição “mais livre”, devido à ausência de grandes produções americanas que usam Veneza como trampolim para lançar seus filmes ao Oscar.

O primeiro grande festival internacional celebrado em plena pandemia durou 10 dias, conforme a tradição, contando com menos repórteres credenciados – apenas 5 mil, número baixo se comparado à última edição, que somou 12 mil.

A ausência de críticos e de delegações de países asiáticos e da América Latina chamou a atenção, apesar da presença de vários filmes dessa região, como o impactante Nova ordem, do mexicano Michel Franco.

“Servimos de laboratório para os outros festivais”, afirmou Alberto Barbera, que encerra sua gestão este ano, depois de uma década como diretor do evento.

Apesar da definição dada pelo jornal francês Le Monde de festival com disputa “amorfa”, os organizadores consideram que o evento revitalizou um setor em crise devido às salas de cinema fechadas e as gravações paralisadas por causa da pandemia.
De 60 longas-metragens, convidados a participar em cinco categorias distintas, e 15 curtas, a maioria eram obras de autores quase desconhecidos.

“Além da distância física, houve a distância mental. Foi aberto um espaço para novos olhares, para uma nova geração de cineastas”, ressaltou a crítica italiana Cristiana Paternó, ao elogiar o alto número de diretores e diretoras independentes que participaram das diversas seções do Festival de Veneza.

As mulheres ampliaram sua participação no festival, com oito diretoras contra 10 homens competindo pelo precioso troféu Leão de Ouro.

Não se descarta que o júri, presidido pela atriz Cate Blanchett, premie, neste sábado, o filme de uma mulher. 

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