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CINEMA

Entreolhares, premiado em festival nos EUA, projeta atriz mineira Marina Azze

- Foto: DivulgaçãoDirigido pelo ator, escritor, cineasta e diretor gaúcho radicado no Rio de Janeiro Ivann Willig, o filme Entreolhares foi o vencedor de cinco prêmios no The Scene Festival, mostra de cinema norte-americano realizada no estado de Maryland (EUA). A película arrebatou os troféus de Melhor diretor, Melhor cena, Melhor som, Melhor atriz, que foi para Marina Azze, e Melhor ator, para Daniel Satti. Completa o elenco a atriz paulistana Tuna Dwek.



A produção ganhou também como Melhor filme no Cosmos, festival da Índia. No mesmo país, foi indicado nas categorias Melhor filme romântico, Melhor direção e Melhor atriz para o Tagore International Film Festival (TIFF).

Rodado nas montanhas capixabas, o drama romântico trata a redenção, o perdão e a salvação do amor. Por ora, está sendo lançado em festivais nacionais e internacionais. O roteiro de Willig tem estrutura nada convencional, com reviravoltas que desafiam o espectador do início ao fim.

Único brasileiro indicado para o Scene Festival, Entreolhares venceu cinco prêmios no Inhapim Cine Festival (MG): Melhor filme, Melhor diretor, Melhor atriz, Melhor direção de arte e Melhor figurino. “É a realização de um sonho. Este é o 40º troféu em minha carreira e o primeiro internacional. Ganhei os troféus de Melhor atriz nos dois festivais”, festeja Azze.


Nascida em Varginha, no Sul de Minas, ela diz que Entreolhares a tem deixado nas nuvens. “Parece que estou sonhando, vivendo um filme no qual uma personagem sonhava fazer filmes no interior mineiro. E não é que o sonho se tornou realidade?”

Azze é apaixonada por cinema. “Formei-me no Rio de Janeiro e passei a fazer um filme atrás do outro e a frequentar festivais. E foi em um desses que conheci o Willig. Ele já ganhou quase 70 prêmios. Eu ficava encantada com o trabalho dele.” Ela o compara a um “maestro mágico”.

E foi num desses encontros que Willig e entregou a Azze o roteiro de Entreolhares. “Ele me convidou para fazer a Maria. Li e fiquei apaixonada. Fomos até o Espírito Santo em busca de um local ideal fazer as filmagens.” A casa, em formato redondo, tem relação com o perfil do roteiro.

Maria, personagem de Azze, é deficiente visual. “Fiz toda uma pesquisa para montar a personagem. Fiquei meses fazendo laboratório, foi intenso. O programado era lançar neste ano, mas a pandemia não deixou”, lamenta.




TERRA NATAL 


A atriz chegou a morar em Belo Horizonte, mas resolveu voltar para a terra natal. “O cinema entrava cada vez mais forte em minha vida e achei que podia trazê-lo para Varginha. Lá, montei um Centro de Cultura, uma associação. Ensinamos cinema para crianças, jovens adultos e pessoas da terceira idade. Eles fazem filmes, participam de festivais e até ganham prêmios.”

Além de atriz, Azze é realizadora de festivais. Organiza dois: o Offcine, em Varginha, e o Inhapim Cine Festival, na cidade mineira de Inhapim, em sua primeira edição, e que será anual. “Mesmo em período de pandemia, temos outros filmes, mas que somente serão lançados no ano que vem. Já tínhamos alguns inscritos em festivais, como é o caso de Entreolhares. Infelizmente, algumas produções que estávamos programando para filmar ainda neste ano tiveram de ser canceladas.”

Ela lamenta também a suspensão ou cancelamento da maioria dos festivais. “Felizmente, alguns ainda foram feitos em regime on-line. Estamos com muita produção, mas como sobreviver nesta quarentena? Como tenho uma escola de formação de atores, acabei montando um curso on-line para poder sobreviver e, ao mesmo tempo, fazer com que os alunos continuem seus estudos”.



No caminho do perdão


Entreolhares é um drama entre um casal, Sandro e Maria, e se passa nos anos 1960. “Eles têm uma relação delicada e conturbada, mas, no fim, há um caminho de perdão, redenção e arre-pendimento. Como o filme se chama Entreolhares, costumo dizer que são vários olhares. Ela tem problemas de deficiência visual e precisa mudar a visão de si mesma para ter outra da própria vida”, descreve Daniel Satti, que vive Sandro.

Ele revela que o filme chama a atenção também para um problema comum no Brasil, que é o transplante de córnea. “Acabamos de ganhar o 12º prêmio e, desses, cinco foram em categorias do festival norte-americano. Eles escolheram o nosso filme e, dele, uma cena específica, sendo que a premiação aconteceu a partir disso. Ganhamos em todas as categorias indicadas.”

Nascido em São Paulo, mas criado em Minas, onde se tornou ator, ele arrebatou os prêmios de Maryland e Inhapim como Melhor ator. “Embora tenha mais de 20 anos de carreira, esse é o meu primeiro troféu internacional. Nada como um prêmio internacional para coroar a minha carreira, que é de busca, desafios e luta, o que é natural no Brasil quando se quer tornar um artista.”

Satti acredita que a premiação em um festival norte-americano é uma grande forma de reconhecimento. “Éramos os únicos brasileiros a representar o nosso país naquele festival e por isso nos sentimos tão orgulhosos. É uma via de mão dupla, pois levamos nosso filme para lá, mostrando que o Brasil sabe fazer cinema e, ao mesmo tempo, touxemos prêmios para cá.”