As lições do cinema para enfrentar o isolamento sem pirar

Confira exemplos de filmes que mostram o que fazer e o que evitar para enfrentar uma situação de isolamento sem perder a cabeça

Guilherme Augusto 03/05/2020 06:00
Arquivo EM
No clássico de Hitchcock Janela indiscreta, fotógrafo impedido de sair de casa desenvolve ideias obsessivas e paranoicas (foto: Arquivo EM)


Ainda que a pandemia do novo coronavírus tenha colocado, nesta primeira metade de 2020, grande parte do mundo vivendo pela primeira vez a experiência de ter que se confinar em casa para se proteger de uma ameaça invisível, essa situação não é estranha no cinema. Como testemunha da história, a sétima arte oferece algumas lições de sobrevivência para a situação atual.
 
Janela indiscreta (1954), de Alfred Hitchcock, talvez seja o filme definitivo sobre estar apartado da sociedade, ainda que inserido nela, assistindo e pontuando as idiossincrasias que a ela pertencem.
 
O roteiro é bastante simples: o fotógrafo profissional L. B. Jefferies (James Stewart) fica impedido de sair de seu apartamento por conta de uma perna quebrada. Como bom voyeur que sua profissão requer que seja ele passa a espionar os vizinhos pela janela, até se convencer de que um deles assassinou a própria esposa, vivida por Grace Kelly. Conclusão: mente vazia, oficina do diabo.
 
 

O isolamento que John Hughes retrata em Clube dos cinco (1985) é, de certa forma, social. Detidos na biblioteca em uma tarde de sábado, Andrew (Emilio Estevez), Brian (Anthony M. Hall), John (Judd Nelson), Claire (Molly Ringwald) e Allisson (Ally Sheedy) pertencem a diferentes grupos de uma mesma escola e, não fosse pelo fato de estarem isolados de seus congêneres, provavelmente não estabeleceriam contato um com o outro.

Universal Pictures/Divulgação
Detidos por um dia na biblioteca da escola, adolescentes mudam a visão que tinham um do outro e da vida em Clube dos cinco (foto: Universal Pictures/Divulgação)

 
Ao som da memorável Don't you (Forget about me), do Simple Minds, o filme é a realização do discurso de que, após a pandemia, o mundo tende a ser um lugar melhor (ou bem diferente). Pelo menos é o que ocorre com esses cinco adolescentes. Conclusão: faça do limão uma saborosa limonada.


 
Com uma atuação primorosa de Brie Larson, O quarto de Jack (2015), de Lenny Abrahamson, não é um filme exatamente fácil de traçar um paralelo com a realidade atual, visto que a protagonista, Joy, está isolada por estar em cativeiro, onde tenta manter sua sanidade mental e a de seu filho, Jack (Jacob Tremblay).

Universal Pictures/Divulgação
Em O quarto de Jack, a mãe do garoto do título consegue educá-lo e entretê-lo durante os sete anos em que eles são mantidos reféns (foto: Universal Pictures/Divulgação)

 
Antes de os dois alcançarem a tão almejada liberdade, impressiona a capacidade inventiva dessa mãe, que, para distrair o menino da cruel realidade a que os dois estão submetidos, constrói uma narrativa que ela consegue sustentar por sete anos. Conclusão: não há limites para a criatividade. Dê asas à imaginação.
 
 
 
Outro cenário desolador, ainda que mais esperançoso, talvez pelo teor irreal da história, está retratado em Perdido em Marte (2015), de Ridley Scott. No filme, o cientista Mark Watney (Matt Damon) é dado como morto durante uma missão da Nasa no planeta vermelho e deixado para trás por seus companheiros de viagem.

Fox Films/Divulgação
Matt Damon aprende a se virar completamente sozinho no planeta vermelho, depois de ser dado como morto em Perdido em Marte (foto: Fox Films/Divulgação)


No entanto, contrariando todas as probabilidades, ele está e se mantém vivo até que o resgate é enviado para salvá-lo. Conclusão: o impossível (às vezes) acontece.
 
 
Mais recentemente, o tema do isolamento esteve presente em O farol (2019). Dirigido por Robert Eggers e estrelado por Willem Dafoe  e Robert Pattinson, o longa-metragem mostra dois homens de diferentes gerações obrigados a conviver em uma remota ilha da Nova Inglaterra.
 
Vitrine Filmes/Divulgação
Isolados numa paisagem inóspita, os protagonistas de O farol perdem progressivamente a lucidez e o autocontrole (foto: Vitrine Filmes/Divulgação)
 
A solidão compartilhada entre eles causa tensão e, em meio a tempestades e goles de aguardente, o mais novo tenta desvendar os mistérios que existem nas histórias do mais velho, provando que, sim, estar apartado da sociedade pode levar as pessoas à loucura. Conclusão: fique em casa, lave as mãos e cuide da sua cabeça!

 

MAIS SOBRE CINEMA