Curta o outono, mesmo sem sair de casa

Estrelados por Ingrid Bergman, Julia Roberts e Richard Gere, filmes ligados à estação que marca a passagem do verão para o inverno são boa companhia para os dias de quarentena

Gustavo Werneck 27/03/2020 07:44
Personalfim/divulgação
Ingrid Bergman e Liv Ullman são mãe e filha em Sonata de outono, de Ingmar Bergman (foto: Personalfim/divulgação)
O outono começou há poucos dias e trouxe mais chuva. É inspirador olhar pela janela e imaginar a luz dourada de março. Sim: dizem os pintores que Belo Horizonte tem paleta de cores ainda mais bela nesta época do ano. A luz outonal aumenta o contraste entre a Serra do Curral e o céu, amplia a visão em direção às montanhas distantes e acentua os contornos dos prédios históricos. Não custa esperar para o cenário mudar, quase sempre para melhor.

Nestes tempos em que a humanidade está em casa devido à pandemia do coronavírus, é preciso ver a beleza – mesmo que seja da janela.

Mas a beleza pode estar também num filme meio retrô, um clássico – beleza em movimento para emoldurar a nova estação. Esquecendo por algumas horas a pandemia, dá para “viajar” pelo mundo na companhia de Ingrid Bergman, Liv Ullmann, Richard Gere, Hugh Grant, Julia Roberts e outros astros e estrelas. Sem dúvida, “sonatas de outono” para alegrar os sentidos e acalmar o coração.

Se, no Brasil, o verão predomina (quando não dá a louca no tempo), no hemisfério norte as estações são bem definidas. E o cinema sabe como tirar proveito disso

Corta para o Central Park. 

No outono, as folhas ganham o tom vermelho e cobrem o chão como um tapete, lugar perfeito para embalar casais apaixonados e criar momentos intimistas. Depois, o branco da neve convida ao recolhimento, dá o clima do Natal, até a primavera quebrar o gelo e explodir em cores.

E volta o verão com muitos filmes para a garotada, jovens descobrindo o amor e as famílias em passeio pelo Caribe.

Mas vamos ao que interessa. Nestes dias surreais, comece a “viagem” por Sonata de outono, lançado em 1978. Dirigido por Ingmar Bergman, o filme conta a história de Charlotte Andergast (Ingrid Bergman), célebre pianista, e suas duas filhas, Eva (Liv Ullmann) e Helena (Lena Nyman). Vale para este período de completo isolamento social, debaixo das cobertas e, de preferência, pedindo ao céu para a atmosfera ficar ligeiramente escandinava.

Veja o enredo: depois de anos de separação, Charlotte decide visitar a primogênita e o genro Viktor (Halvar Björk). Surpresa, a pianista encontra a caçula sob os cuidados de Eva. Helena, deficiente física e mental, havia sido internada pela mãe em uma instituição de onde fora resgatada pela irmã. Basta por aqui, do contrário se perde a graça e a sonata desafina.

CHARME 

Universal/divulgação
Julia Roberts e Hugh Grant no romântico Um lugar chamado Notting Hill (foto: Universal/divulgação)
Outono em Nova York mostra a cara da “cidade que nunca dorme”. Filme de 2000, tem Richard Gere esbanjando charme no papel do cinquentão Will Keane – homem que leva, com fervor, o propósito de nunca ter compromisso sério com uma mulher.

Mas a vida surpreende: quando conhece Charlotte Fielding (Winona Ryder), jovem na casa dos 20 anos, Will imagina que terá com ela outro rápido e fácil romance. E tudo muda, como um céu pronto para chover.

Outra dica deliciosa – que não tem estação definida para se curtir, mas uma cena para ficar na memória – é Um lugar chamado Notting Hill, de 1999, com Hugh Grant e Julia Roberts. Para mostrar a passagem de um ano, no mesmo plano, Grant vai caminhando por dias de primavera, verão, outono e inverno... sem sair de Notting Hill, em Londres, onde é dono de uma livraria.
Bom demais abrir esse livro, ou melhor, ver esse filme, e esperar a poeira abaixar.

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