Vencedora do Oscar de melhor documentário luta contra câncer terminal

Julia Reichert dirigiu com o marido, Steven Bognar, o longa 'Indústria americana', que venceu 'Democracia em vertigem' na disputa

Redação EM Cultura 10/02/2020 14:56
FREDERIC J. BROWN/AFP
Jeff e Julia Reichert e Steven Bognar comemoram o Oscar (foto: FREDERIC J. BROWN/AFP)
Vencedora do Oscar de melhor documentário por Indústria americana, Julia Reichert, de 73 anos, luta contra um câncer terminal. Veterana do cenário independente dos Estados Unidos, ela foi diagnosticada com câncer na bexiga há um ano e meio.

“Lutei contra ele, e ele desapareceu. Mas depois ele voltou, e eu tive que lutar novamente, o que, é claro, nunca é uma boa notícia. Na verdade, é um câncer incurável, é fatal, e estou muito ciente disso. Isso mudou a perspectiva da minha vida de certa forma, quanto ao que é importante. Mas, no final, estou cheia de esperança. Ainda há muitas coisas que quero fazer. Isso me dá a sensação de querer focar minha vida no que trará a mim e às pessoas ao meu redor mais alegria”, afirmou Julia à imprensa internacional.

Indústria americana (Netflix), que Julia dirigiu com o marido, Steven Gognar, é a primeira produção da Higher Ground, produtora que Barack e Michelle Obama criaram há um ano. Na narrativa, a dupla de documentaristas acompanha as difíceis relações laborais no mundo globalizado.

Uma das maiores produtoras de vidros automotivos do mundo, a chinesa Fuyao inaugurou, em 2016, em Dayton, Ohio, seu primeiro braço norte-americano. Construída em uma antiga fábrica da General Motors, abandonada desde que sucumbiu à crise de 2008, deixando milhares de operários desempregados, a Fuyao Glass America foi recebida como a esperança da região. Basicamente, o que o longa mostra é o embate entre duas economias, sociedades e culturas.

Antes deste Oscar, Julia havia sido indicada outras três vezes ao prêmio. Ela e o marido já inclusive estudaram o câncer como parte de seu trabalho. O documentário A lion in the house (2006) segue a vida de cinco crianças com câncer. As duas regras do casal para trabalhar junto é que não falam sobre trabalho na cama e tampouco depois que começam a beber.

No palco, durante os agradecimentos para o Oscar, Julia disse: “Nosso filme tenta fazer perguntas sobre o destino dos trabalhadores em Ohio, na China e em todo o mundo. O tipo de pessoa que aperta um relógio, veste um uniforme e trabalha com raiva. É assim que queremos que o mundo seja? Não, não é e poderíamos fazer algo sobre isso. Somos todos cidadãos. Temos muito poder".

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