Mazzaropi ganha enciclopédia de cinema

Curiosidades sobre o intérprete do Jeca Tatu e de pessoas que trabalharam com ator cômico estão reunidas em 888 verbetes

Mariana Peixoto 25/12/2019 04:00
Canal Brasil/Divulgação
Mazzaropi, que protagonizou Jeca Tatu (1959), é considerado o maior cômico do cinema brasileiro (foto: Canal Brasil/Divulgação)
Em meados dos anos 1990, o pesquisador e cineclubista paulistano Antonio Leão da Silva Neto fez uma intensa investigação sobre Amácio Mazzaropi (1912-1981). Foi tudo por conta própria, incluindo as pesquisas em acervos e entrevistas com pessoas que trabalharam com o ator, diretor e produtor, considerado o maior cômico do cinema brasileiro.

“Quando o livro estava quase pronto, deu aquele problema com a biografia do Garrincha (Estrela solitária, de Ruy Castro, que pouco depois de lançado, em 1995, foi proibido pela Justiça por quase uma década por causa de uma ação movida pelos herdeiros do ex-jogador). Fiquei com medo de que acontecesse o mesmo, pois não tinha editora nem nada, então abortei o projeto de biografia”, lembra Leão. Na época, ele se recorda, só havia um livro sobre Mazza, e em edição esgotada.

Somente duas décadas mais tarde ele realiza tal projeto, que vem a público de forma bem diferente. Passado tanto tempo, Mazza já conta com várias biografias. “É um assunto superexplorado. Agora, com o meu, são 17 livros sobre Mazzaropi (e há ao menos uma dezena de teses de doutorado sobre ele). Por isso, resolvi fazer uma enciclopédia para também incluir as pessoas que trabalharam com ele.” Com 312 páginas, a Enciclopédia Mazzaropi de cinema reúne 888 verbetes, a maioria de profissionais que trabalharam com ele entre 1952 e 1980.

O próprio autor coleciona hoje vários livros. A Enciclopédia Mazzaropi é seu 11º título. A obra de Leão versa sobretudo sobre a memória do cinema nacional. Já publicou dicionários com longas-metragens, curtas, atores, fotógrafos e a produção em Super-8.

“Hoje, com a internet, a pesquisa está muito mais fácil. Além de revistas eletrônicas, matérias de jornal e acervos de instituições, o que me ajudou muito foram as redes sociais. Achei muitas pessoas que trabalharam com o Mazzaropi por causa do Facebook.” Das centenas pessoas que Leão conseguiu reunir, ele fez uma pequena biografia de pelo menos 300 – as demais aparecem como citações dentro da filmografia de Mazza. “Todo mundo que teve algum contato com Mazzaropi está no livro”, garante Leão.

NOVOS PROJETOS 

É um mundo de curiosidades sobre o intérprete do Jeca Tatu. A enciclopédia traz, por exemplo, as 46 canções que Mazzaropi cantou em seus filmes – além daquelas interpretadas por seus convidados. Estão citados diretores, atores e fotógrafos, bem como câmeras, desenhistas e eletricistas que trabalharam em seus 32 filmes. Há também citações a lugares que Mazza frequentou e até mesmo os animais que participaram de suas produções.

Duque (1947-1965), um pastor-alemão gaúcho, foi contratado pela Vera Cruz nos anos 1950. Ficou famoso (seu cachê foi maior do que vários atores da época) como Coroné, o companheiro de Mazzaropi no filme Sai da frente (1952). Após a morte do cachorro, aos 18 anos, seu dono ainda continuou investindo em cinema – criou Duque 1, 2 e por aí vai.

Terminado este livro, Leão está envolvido em dois novos projetos. Um deles seria um dicionário sobre técnicos de cinema – desta maneira ele encerraria, com o volume, a série com a filmografia nacional. “É muito difícil, pois não se valorizam os técnicos. Só querem saber de diretor e ator”. E o outro é um guia de episódios sobre duas séries históricas da TV brasileira criadas por Ary Fernandes: O vigilante rodoviário e Águias de fogo, ambas produzidas pela Tupi nos anos 1960.
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ENCICLOPÉDIA MAZZAROPI DE CINEMA
>> De Antônio Leão da Silva Neto
>> Edição do autor
>> 312 páginas
>> R$ 50
>> À venda pelo e-mail leao.n@terra.com.br


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