Pais de menino que inspirou filme indicado ao Oscar pedem que produção não dispute estatueta

'Detainment' concorre na categoria de melhor curta-metragem

por AFP 25/01/2019 12:01
Os pais de um menino de três anos torturado e assassinado por outros dois menores em 1993 em Liverpool (nordeste da Inglaterra) pediram, nesta quinta-feira (24), que um curta-metragem sobre sua morte seja retirado da lista de indicados ao Oscar e que não seja distribuído.
'Detainment/Divulgação
Curta reproduz entrevistas conduzidas pela polícia com os dois meninos de 10 anos condenados pelo assassinato (foto: 'Detainment/Divulgação)

Em 1993, Jon Venables e Robert Thompson, que tinham 10 anos na época, sequestraram, torturaram e mataram o pequeno James Bulger em Liverpool. O corpo do menor foi encontrado dois dias depois perto dos trilhos do trem, em um caso que comoveu o país.

O diretor irlandês Vincent Lambe realizou um curta-metragem de 30 minutos intitulado "Detainment" (Detenção) e apresentado como uma "história real baseada nas transcrições dos interrogatórios [com a polícia] e das gravações".

Os pais de James Bulger, Denise Fergus e Ralph Bulger, pedem ao diretor que retire seu curta-metragem da disputa pelo Oscar e que renuncie a sua distribuição. "Dizemos a Vincent Lambe, já que se candidata ao Oscar, que se retire e retire seu filme da esfera pública", declarou Ralph Bulger, segundo declarações divulgadas na quinta-feira pela agência de notícias britânica PA.

"Uma coisa é fazer um filme sem contatar ou pedir a autorização da família de James e outra é fazer um menino interpretar as últimas horas da vida de James antes dele ser brutalmente assassinado e fazer reviver tudo isso de novo em mim e na minha família", tuitou na terça-feira a mãe do menino.

Uma petição para que o filme seja retirado da lista de indicados tinha reunido, na quinta-feira de manhã, mais de 112.000 assinaturas. Segundo um texto publicado por Lisa Young, que lançou esta iniciativa no site Change.org, a Academia "não escutou absolutamente a indignação e ignorou completamente esta petição".

Em 2001, os dois condenados foram postos em liberdade condicional, sob novas identidades para evitar que sofressem represálias.

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