Mostra de animação exibirá 260 filmes sobre desafios do mundo contemporâneo

Temas como assédio sexual, liberdade e questões de gênero estão entre os longas e curtas que serão exibidos até 23 de dezembro

por Walter Felix 03/12/2018 08:10
OTTO DESENHOS ANIMADOS/DIVULGAÇÃO
(foto: OTTO DESENHOS ANIMADOS/DIVULGAÇÃO)

A partir desta segunda-feira (3), longas e curtas-metragens de 34 países estarão em cartaz em centros culturais e espaços de arte de BH e Nova Lima. Até 23 de dezembro, a Mostra Udigrudi Mundial de Animação (Mumia) exibirá 260 filmes, oferecendo também cursos, workshops e sessões de lançamento de livros.


“Nesses 16 anos de história, a mostra acompanhou o crescimento quantitativo e qualitativo da produção nacional”, afirma Sávio Leite, idealizador da Mumia e professor do Centro Universitário UNA. Dos seis longas-metragens exibidos na mostra, quatro são brasileiros. Um deles é Tito e os pássaros, que está entre as 25 animações pré-indicadas ao Oscar 2019. A história do menino em busca da cura para a epidemia de medo que assola o mundo foi programada para sábado (8), às 16h, no Sesc Palladium.


Domingo (9), o filme será tema da masterclass ministrada pelo animador Gabriel Bitar, que assina a direção em parceria com Gustavo Steinberg e André Catoto.

VARIEDADE A programação reúne 30 criações de Minas Gerais. “Há pouco tempo, seria impensável a realização de uma série de animação mineira”, comenta Sávio Leite, referindo-se ao seriado Nino: Viagem ao conhecimento, exibido pela TV Brasil. Com direção de Ronaldo Zenóbio, a atração integra a agenda da Mumia.


A mostra oferece grade multifacetada. “Cada vez mais, animações falam sobre assuntos pertinentes em todo o mundo, sobre temas como política e sexualidade, por exemplo. Em outros tempos, essas abordagens não eram pensadas para a animação, tida como filme para diversão ou puro entretenimento”, diz o curador.


O taiwanês What a peaceful day (2016), de Eden Chan, é um alerta sobre o assédio sexual dentro de casa. Já o premiado Torre (2017), documentário animado de Nádia Mangolini, narra o drama de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da ditadura militar brasileira.


“Quando se fala em documentário, tem-se sempre a imagem do real. Mas esses filmes mostram que a realidade pode ser reinterpretada por meio do desenho e do lúdico”, ressalta Sávio.


A transexualidade é abordada em A cidade dos piratas, de Otto Guerra, que narra a transição de gênero de Laerte Coutinho. A animação reúne personagens marcantes do universo criativo da cartunista, além de abordar a luta do diretor contra o câncer. Inédito em BH, o longa abre a programação da Mumia, nesta segunda-feira (3). A sessão está marcada para as 19h, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes.

DEMOCRACIA Sávio Leite ressalta que o festival mantém o caráter democrático, pois a curadoria aceita praticamente todas as produções inscritas. “Não que exibamos filmes aleatoriamente. Fazemos isso de maneira que fique agradável ao espectador, mesclando trabalhos de animadores experientes e de iniciantes”, conta.


Oficinas e workshops costumam estimular o talento dos alunos. “Desde as primeiras edições, Mumia reúne aficionados que, depois de participarem do festival, passam a fazer suas próprias animações. Como professor, tenho interesse na troca de conhecimento”, diz Sávio. No sábado (8), o curador vai lançar o terceiro livro produzido pela mostra, Diversidade na animação brasileira, com ensaios de especialistas.

MUMIA
Segunda-feira (3/12)

9h30 e 14h30 – Seleção de curtas.
Biblioteca Pública Estadual.
Praça da Liberdade, 21, Funcionários

19h – Abertura, com exibição do longa
A cidade dos piratas, de Otto Guerra.
Cine Humberto Mauro do Palácio das
Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro.

. Até 23 de dezembro, em espaços e
centros culturais de BH e Nova Lima.
Entrada franca. Programação completa: mostramumia.blogspot.com.

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