A relação entre pais e filhos que convivem com o autismo dá o tom de Po, filme americano que estreia nesta quinta-feira (22) em BH. O longa acompanha a rotina do engenheiro de aviões David Wilson (Christopher Gorham) e de seu filho autista, Patrick “Po” (Julian Feder). Na cena inicial, o protagonista se emociona ao lado do caixão da mulher. A partir daí, o espectador se vê diante da nova e conturbada rotina do recém-viúvo, que precisa lidar com o luto e a demissão enquanto assiste à piora gradativa do garoto.
O imaginativo Po divaga, enquanto é rejeitado pelas pessoas. O ponto alto está nas cenas lúdicas que revelam o universo fantasioso criado pelo garoto. O desafio de David é nutrir a relação com o filho, cada vez mais distante da realidade.
A produção é cheia de boas intenções. Filmada em apenas 18 dias e com baixo orçamento, o objetivo é sensibilizar o público em relação às dificuldades enfrentadas pela comunidade autista. Além disso, o diretor John Asher cria um retrato sensível da relação pai e filho para levantar discussões pontuais sobre temas caros à sociedade contemporânea, como bullying e preconceito.
Assim como Gorham, o diretor e grande parte da equipe envolvida com o projeto têm relações com pessoas que enfrentam situações similares. Vem daí a representação fiel do transtorno.
ESCASSEZ Christopher Gorham cita os seriados de TV Parenthood, The good doctor e Atypical como referências contemporâneas no gênero, mas critica a escassez dessa temática no cinema. “Po é um dos primeiros filmes a lidar com o autismo de maneira tão direta”, reforça.
Para o ator, o diálogo sobre o tema se tornou urgente. “Quanto mais histórias contadas e pessoas com autismo envolvidas nas produções, melhor. Assim, mais indivíduos compreenderão o que significa crescer dessa forma”, diz Christopher Gorham. O ator pode ser visto na série Insatiable (Netflix) e atua no filme The other side of heaven 2, com estreia marcada para 2019.
* Estagiária sob orientação da editora-assistente Ângela Faria