Quando o diretor Federico Álvarez escolheu Claire Foy para estrelar o novo filme da série Millenium, não teve dúvidas de que a atriz, de 34 anos, lidaria facilmente com a transição para o papel de uma intrépida hacker.
Afinal de contas, essa britânica já tinha experiência como mulher aguerrida, com sangue frio nas veias quando é necessário. Foy interpretou nada menos que a rainha Elizabeth II na premiada The Crown, produção da Netflix.
“Vi a série e disse a mim mesmo: ‘Aí está, esta é Lisbeth’”, contou. “Embora possa soar muito louco, os desafios de interpretar alguém como Lisbeth ou Elizabeth são muito parecidos.”
Na aclamada produção da Netflix, Foy brilha como a rainha às voltas com os jogos de poder, o marido e a criação dos filhos. No longa Millennium: A garota na teia de aranha, em cartaz nos cinemas de BH, a atriz faz o papel da hacker sueca Lisbeth Salander. “São personagens muito similares”, afirma o cineasta uruguaio. “Ambas não se permitem ser elas mesmas, sempre reprimiram as emoções”, comenta.
Álvarez observa que a rainha jamais exibe irritação ou tristeza. “Elizabeth sempre manteve o rosto neutro diante de diferentes situações. E Lisbeth tampouco se permite mostrar suas próprias emoções, esconde-as nas profundezas do seu ser”, compara.
ROONEY A garota na teia de aranha conta a saga de Lisbeth Salander, a garota com o dragão tatuado vivida por Rooney Mara no filme anterior da franquia.
O longa se baseia no romance de David Lagercrantz, que deu continuidade à série Millenium depois da morte de Stieg Larsson (1954-2004), autor dos três primeiros volumes.
A garota na teia de aranha não convenceu os críticos. A revista Variety diz que o filme “reduziu Salander a uma figura peculiar como a de uma Batgirl, suavizando seu feminismo, praticamente eliminando sua estranheza e lançando um americano para que os Estados Unidos possam salvar o mundo.”
Álvarez defende a sua versão de Lisbeth. Argumenta que, como ocorre com qualquer romance, foi difícil adaptar obra de Lagercrantz para a tela. “Você tem de sacrificar muitas coisas ou vai ficar com um filme de oito horas”, alega. Disse ter procurado tornar o roteiro de Steven Knight mais pessoal.
“Basicamente, falamos de segredos e vergonha, sempre sobre a família. Qualquer que seja a história, o tamanho que tenha, mesmo que as apostas sejam altas, sempre tem de ser algo a respeito tanto de você quanto do personagem principal”, conclui..