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Festival Lumiar mostra produção cinematográfica de quatro países

Arteiro, de Bruno Carvalho (Brasil, 2018) - Foto: Lumiar/DivulgaçãoA micropolítica do cotidiano envolve os direitos das mulheres, questões relacionadas à afirmação da negritude e à ocupação do espaço público. Aspectos relevantes da vida das pessoas guiam as escolhas cotidianas. Escolhas  políticas, embora nem sempre, eleitorais. É o que mostra o 5º Lumiar, Festival Interamericano de Cinema Universitário, realizado pelo curso de cinema do Centro Universitário Una, no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes. A abertura ocorre na sexta (19), com a apresentação do curta-metragem O quinto, de Lucas Vieria e Montívia. 
 
Com o tema verbo político, o festival apresenta 31 filmes de quatro países (Brasil, Argentina, Chile e Cuba), que foram divididos em cinco mostras competitivas. “Uma pergunta norteou essa edição: como as imagens e o cinema vão captar o momento político que a gente vive? O quê o cinema e audiovisual deram conta de registrar? O que a gente está produzindo hoje. Daqui a dez anos ao olhar para trás o cinema conta do momento político”, afirma a professora do curso de cinema do Centro Universitário Una e coordenadora de produção, Mariana Mól. 
 
O festival abre edital para todas as Américas. Podem ser inscritos curtas-metragens com até 30 minutos de duração, produzidos por cursos universitários e escolas livres de cinema.
Nesta edição, foram enviados 274 trabalhos de quatro países. Foram selecionados 31 filmes. Desse total, 25 participam das cinco mostras competitivas: encontro, política e mundos plurais; do lugar as margens sociais; lutas e representatividade; corpos e afetos. Ainda são realizadas as mostras Palavras de desordem: cinema político latino-americano e Mostra do tempo e memória
 
Memorándum, de Jennifer Lara %u2013 Universidad Mayor - Foto: Lumiar/Divulgação“Em edições passadas, fizemos homenagens a diretores e produtores. Em 2016, tivemos como tema as mulheres no cinema. Quando começamos a pensar esta edição, não conseguimos ver filmes que não tivessem o viés político. Mas queríamos discutir a política, na lógica do cotidiano, o que envolve a vida direta das pessoas”, afirma Mariana.

O tema verbo político indica a política na dimensão da ação, do fazer do dia a dia e da experiência.
“A posição política nas relações de identidade, direitos humanos, inclusive questões pontuais momento político e eleitoral. A política está em tudo e é da ação, mas sem viés eleitoral”, completa.
 
O festival apresenta panorama da produção das principais escolas de cinema das Américas, o que está sendo experimentado em termos de linguagem, bem como as temáticas que levam os jovens produtores a refletir. Um exemplo dessa produção é o curta-metragem Memorándum, de Jennifer Lara da Universidad Mayor do Chile. Com proposta experimental, o filme mostra maternidade abandonada, que, no período da ditadura militar chilena, as crianças eram retiradas das mães e colocadas para adoção. “O filme é um passeio por aquele espaço abandonado. Discute a questão política da década de 1960 fazendo uma conexão com os dias de hoje”, ressalta. 
 
Nessa mostra, a aluna de cinema do Centro Universitário Una Josiane Santos mostra as formas de ser mulher no filme Diversas. “O filme apresenta a postura feminina de maneira ampla e diversa. Faz a discussão sobre a pluralidade de gêneros.
Fala da política de as pessoas serem o que se identificam”, ressalta Mariana. Para Josiane, o festival é oportunidade para que os estudantes possam mostrar a produção em ambiente em que os filmes podem ser discutidos e debatidos. Ela destaca também a importância dos festivais para a formação de público. 
 
Em Diversas, Joseane apresenta três mulheres com vivências distintas entre si. “Uma delas é uma mulher negra, que desconstrói o discurso militância, uma outra mulher que participa da militância e uma terceira, com sobrepeso, que está no processo para fazer a cirurgia bariátrica”, afirma. O filme mostra as mulheres no espaço urbano, para refletir como as mulheres podem ser tornar objetos nos espaços públicos. “Mostramos como o urbano nos trata como objetos. E como respondemos por meio de cartazes, frases e lambs”, completa. 

IGUALDADE DE GÊNERO A hashtag #metoo sintetiza movimento por igualdade de condições entre homens e mulheres em Hollywood, a maior indústria cinematográfica do mundo. Série de escândalos de abuso e assédio sexual colocou em alerta os sets de filmagem de todo o planeta. Entre os acusados, estava um dos produtores de cinema mais poderosos do mundo, Harvey Weinstein, cofundador da Miramax e da The Weinstein Company. 
 
Na quinta-feira (27),  o Lumiar realiza o debate Como combater o assédio no set, com a diretora da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Débora Ivanov, a coordenadora do projeto de extensão Pretança da Una, Tatiana Carvalho Costa e Luana Melgaço, da produtora Anavilhana. “A mesa dá luz a essa discussão que é de vanguarda no cinema”, afirma Joana Oliveira. 
 
A proposta da mesa é discutir como as produtoras de cinema podem criar regulamentação que impeça o assédio nos sets.
Queremos mostrar que o assédio pode ser punido não só legalmente, mas também de forma contratual nos projetos. Depois do Mee too, já é realidade colocar essas barreiras nos contratos”, diz a coordenadora do curso de cinema do Centro Universitário Una, Joana Oliveira. O movimento luta para que as formas de assédio sejam nomeadas, tipificadas e passem a fazer parte dos códigos de conduta das produtoras. 

5º Lumiar – Festival Interamericano de Cinema Universitário

Sexta – 19 de outubro
14h-16h30 - curso Uma outra história do Terceiro Cinema: descolonização e invenção de formas no cinema latino-americano, com Victor Guimarães 

17h - Mostra Palavras de desordem: cinema político latino-americano (1968-1982) 
-Desmanchar a palavra | LBJ, de Santiago Álvarez (Cuba, 1968) 
-Liber Arce, Liberarse, de Mario Handler (Uruguai, 1969) 
- Porta de Fogo, de Edgard Navarro (Brasil, 1982) 
- Las AAA son las tres armas, de Grupo Cine de la Base (Argentina, 1975) 
- Declaração em retrato, de Anna Bella Geiger (Brasil, 1974) | 80’

19h30 - Sessão de abertura 
- O quinto, de Lucas Vieira e Montívia (MG, 2018) %2b Filme convidado Olhos de Inaiá, de Marco Antônio Gonçalves Jr
Cine Humberto Mauro. Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro

 
Veja toda programação em una.br/lumiarfestival

22h - Festa de abertura, com Os Diplomatas e DJ Confusa. Gruta. Rua Pitangui, 3.613, Horto. Ingressos: a R$5 (até 00h30) e R$10 (depois 00h30)

 

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