Nova adaptação do romance memorialista de Romain Gary estreia em BH

Estrelado por Charlotte Gainsbourg e Pierre Niney, 'Promessa ao amanhecer' narra a vida do escritor da infância até a Segunda Guerra Mundial

por Mariana Peixoto 26/07/2018 10:52
Bonfilm/Divulgação
'Promessa ao amanhecer' aborda a história do escritor francês Romain Gary (Pierre Niney) e sua relação com a mãe (Charlotte Gainsbourg). (foto: Bonfilm/Divulgação)

O escritor francês Romain Gary (1914-1980) teve uma vida absolutamente fantástica. Escreveu 34 livros, dirigiu dois filmes, foi piloto na Segunda Guerra Mundial e diplomata. É o único escritor a ter recebido duas vezes o prêmio Goncourt – em 1956, por As raízes do céu, e em 1975, por A vida à sua frente, publicado sob o pseudônimo de Émile Ajar. Foi casado com a jornalista britânica Leiley Blanch e com a atriz norte-americana Jean Seberg, musa da Nouvelle Vague graças ao filme Acossado (1960), de Jean-Luc Godard. Suicidou-se, com um tiro, aos 66 anos.

Promessa ao amanhecer, que estreia nesta quinta-feira (26), é uma adaptação do romance memorialista homônimo que Gary publicou em 1960. Na narrativa, o autor recupera sua trajetória da infância até o fim da Segunda Guerra, quando efetivamente se tornou um escritor com a publicação do livro de estreia, Educação europeia. A história gira em torno da relação um tanto neurótica (e de franca dependência) que teve com sua mãe, Nina Kacew.

O filme atual, dirigido por Eric Barbier e estrelado por Charlotte Gainsbourg (Nina) e Pierre Niney (que interpreta Gary a partir da juventude), é a segunda adaptação do cinema para Promessa ao amanhecer – a anterior, de 1970, é uma produção franco-americana dirigida por Jules Dassin. O próprio Gary, na voz de Niney, narra a história.

Romain Gary, a bem da verdade, só surge no final da guerra. Até então, ele era Roman Kacew, o filho judeu de uma atriz russa de segunda linha do cinema mudo que emigrou, na década de 1920, da União Soviética para a Polônia. Criado pela mãe, o menino descobre, entre os 7 e 8 anos, que teria que ser sempre o melhor entre os melhores.

Em uma briga com os vizinhos, a mulher coloca o filho ainda criança no meio – diz a todos que parassem de rir deles, porque eles estavam diante de um futuro embaixador. A lembrança daqueles risos, segundo Kacew, vai acompanhá-lo a vida inteira – fugir deles será sempre seu objetivo.

O tom é o de uma comédia dramática com um viés bastante crítico. Superprotegido, o garoto Kacew chega, na juventude, com a mãe a Nice. Em 1938, a mulher, num rompante, exige que o filho vá a Berlim para matar Hitler. Um incidente o impede de embarcar no trem. “Graças a essa viagem eu não assassinei Hitler”, assume Kacew. Não há como não rir.

A trama segue com lances surpreendentes. O maior deles é um voo realizado em 25 de janeiro de 1944, época em que Kacew estava na RAF (a Força Aérea Real, do Reino Unido). O piloto é ferido nos olhos. Kacew, que atuava como navegador nesse voo, conseguiu guiá-lo para jogar as bombas nos alemães e depois aterrissar com sucesso.

A mãe, mesmo quando não está presente fisicamente, não sai da cabeça do filho. Gainsbourg faz uma personagem que vive em extremos. Gritos, rancores, lances de loucura, a atriz está sempre ao ponto de explodir. A ternura – e uma dose de melodrama – ficam para o final, quando mãe e filho se reencontram de maneira inesperada.

 

Abaixo, confira o trailer de Promessa ao amanhecer

 

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