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Novos critérios definirão as produções que concorrerão ao Oscar de filme estrangeiro

Vencedor da Palma de Ouro deste ano, The square – A arte da discórdia está em cartaz em BH. O principal destaque de Cannes em 2017 é um dos favoritos ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira. A produção sueca é uma das nove pré-indicadas à categoria pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. O anúncio final dos cinco concorrentes à estatueta ocorrerá em 23 de janeiro. Em 4 de março, o prêmio será entregue no Teatro Dolby, em Los Angeles.

'Bingo' ficou de fora da disputa pela estatueta - Foto: João Naves/Divukgação
A comédia dirigida por Ruben Ostlund é centrada na discussão sobre a arte contemporânea e o politicamente correto. O protagonista é o diretor de um museu. A produção foi selecionada entre outras 91. Vai disputar a vaga na briga pelo Oscar com Corpo e alma (Hungria), Uma mulher fantástica (Chile), Felicité (Senegal), Loveless (Rússia), Em pedaços (Alemanha), Foxtrot (Israel), The insult (Líbano) e Os iniciados (África do Sul).


Este ano, o processo de escolha dos melhores filmes estrangeiros foi diferente. Sob o argumento de torná-lo mais abrangente e privilegiar países com menor visibilidade, um comitê geral passou a eleger seis longas, enquanto comitê especial, presidido pelo produtor Mark Johnson, escolheu mais três.
Os cinco candidatos ao Oscar serão decididos por uma nova comissão da Academia, com 30 integrantes. Nas edições anteriores, a primeira rodada de votações cabia a um grande corpo de jurados, dividido em quatro grupos e com a obrigação de assistir a pelo menos 80% das produções enviadas à instituição.

BINGO

O último longa brasileiro entre os cinco concorrentes ao Oscar foi Central do Brasil, de Walter Salles, em 1999. Bingo – O rei das manhãs tentou a vaga este ano, sem sucesso. O roteiro conta a história de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo na TV do Brasil. O filme de Daniel Rezende foi escolhido por uma comissão da Academia Brasileira de Cinema – novidade em relação aos anos anteriores. Até 2016, a seleção cabia à Secretaria do Audiovisual, órgão ligado ao governo federal.


A rejeição de Aquarius, em 2017, desencadeou a polêmica que resultou na mudança. Concorrente à Palma de Ouro em Cannes, o elenco do filme de Kleber Mendonça Filho e estrelado por Sônia Braga aproveitou a cerimônia, na França, para criticar o impeachment de Dilma Rousseff.

Depois que Michel Temer assumiu a Presidência da República, a Secretaria do Audiovisual optou por O pequeno segredo, de David Schurmann, para representar o país na disputa.


Polêmicas à parte, as escolhas anunciadas pela Academia para o Oscar em 2018 permitem novos questionamentos sobre a seleção dos representantes do Brasil. Enquanto o país apostou no drama biográfico do artista por trás do palhaço Bozo, elogiado pela crítica brasileira, os pré-indicados a brigar pela estatueta conquistaram Hollywood com histórias atreladas à representatividade de minorias políticas, étnicas ou sociais, entre outras questões contemporâneas mais profundas.


Uma mulher fantástica tem uma transsexual como protagonista. Loveless conta sobre um menino criado sem amor, negligenciado em função do divórcio dos pais. Um homem cujo segredo íntimo é a homossexualidade é o tema de Os iniciados. Corpo e alma fala de um homem e uma mulher que trabalham num matadouro e sonham a mesma coisa durante as noites. Felicité aborda a luta de uma cantora para pagar a cirurgia do filho. Em pedaços é sobre a mulher que se vinga de neonazistas que mataram sua família. Foxtrot conta a história do militar que perdeu o filho na guerra, enquanto The insult mostra o impasse que leva um cristão libanês e um refugiado palestino ao tribunal.


Tais temas renderam prêmios a quase todos esses filmes nos principais festivais europeus em 2017.

Corpo e alma ganhou o Urso de Ouro em Berlim, Uma mulher fantástica e Felicité também foram premiados em Berlim, o mesmo ocorreu com Foxtrot e The insult em Veneza. The square levou a Palma de Ouro, enquanto Loveless e Em pedaços receberam troféus em Cannes.


A tendência não é novidade. O iraniano O apartamento, vencedor do Oscar de filme estrangeiro em 2017, havia levado dois prêmios em Cannes no ano anterior – melhor roteiro e ator (Shahab Hosseini). A trama aborda a violência contra a mulher.
Não foi o caso de Bingo, mas o cinema brasileiro teve êxito em importantes festivais internacionais em 2017. O longa Gabriel e a montanha, de Fellipe Barbosa, ganhou dois prêmios na Semana dos Críticos em Cannes: Revelação France 4 e Fundátion Gan.


O último longa nacional a figurar na lista de pré-indicados ao Oscar foi O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburger, em 2008. Porém, o filme sobre o garoto abandonado pelos pais, perseguidos pela ditadura militar, ficou fora da seleção final.

TERMÔMETRO

Em janeiro, está prevista a exibição, em BH, de filmes que possivelmente disputarão o Oscar. É o caso de alguns indicados ao Globo de Ouro – termômetro da festa de março –, que entrega seus troféus no próximo domingo. Um deles é The post: A guerra secreta, de Steven Spielberg, estrelado por Meryl Streep e Tom Hanks. O thriller conta a história do recebimento de documentos secretos sobre a participação dos EUA na Guerra do Vietnã pelo jornal Washington Post.
Me chame pelo seu nome, sucesso no Festival de Sundance, também está na briga no domingo. O longa é exaltado pela crítica estrangeira como “o melhor filme LGBT do ano”, ao retratar o romance entre um jovem e um professor amigo de seu pai.

Artista do desastre, dirigido e estrelado por James Franco, e A forma da água, que domina a lista com três indicações diferentes, também estão na briga.


Todo o dinheiro do mundo, de Ridley Scott, não está na lista do Globo de Ouro, mas ganhou os noticiários antes de estrear. O ator Kevin Spacey foi substituído Christopher Plummer depois do filme pronto. Denúncias de assédio sexual derrubaram o astro de House of cards.


Outro destaque é o drama histórico O destino de uma nação. A crítica norte-americana o considera provável indicado ao Oscar graças à atuação de Gary Oldman. O ator britânico faz o papel de Winston Churchill, protagonista da trama que se passa nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial. (Com Agência Estado)

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