O REI DO SHOW

Estreia cinebiografia do showman que revolucionou cenário do entretenimento

Seu circo repleto de atrações fugiam ao padrão estético da época

Helvécio Carlos
Os atores Zac Efron e Hugh Jackman interpretam sócios numa ousada empreitada no mundo do espetáculo no longa de Michael Gracey - Foto: FOX/DIVULGAÇÃO

Hugh Jackman está com tudo e não está prosa. O australiano volta à lista de indicados ao Globo de Ouro como melhor ator por O rei do show. O longa, que estreia hoje no Brasil, também concorre na categoria melhor filme de comédia ou musical. As duas indicações já esquentam as bolsas de apostas: afinal, o filme que conta a história do norte-americano Phineas Taylor Barnum, showman que começou do nada e ficou famoso por seu circo de “aberrações”, tem estofo suficiente para conquistar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood e entrar também na briga pelo Oscar?

Entre os supersticiosos, há torcida otimista. Afinal, foi com outro musical, Os miseráveis (2012), que Jackman faturou seu primeiro Globo de Ouro e recebeu sua primeira indicação ao Oscar. Independentemente dos resultados da temporada de prêmios, o fato é que O rei do show mostra um Jackman afinadíssimo, interpretando as canções compostas por Benj Pasek e Justin Paul, dupla responsável pela trilha de La la land: Cantando estações, o filme coqueluche do ano passado.

Embora muita gente não se lembre disso, o gênero musical tem importância na trajetória de Jackman como ator. Em 2003, muito antes de sua premiada interpretação como o Jean Valjean de Os miseráveis, o ator faturou seu primeiro Tony com o espetáculo musical The boy from Oz.

Dirigido por Michael Gracey, O rei do show conta com muitas licenças poéticas a trajetória de P. T.
Barnum, que nasceu pobre e se apaixonou e se casou com Charity Barnum (Michelle Williams), herdeira de uma família muito rica. Desempregado, acabou apostando na compra de um museu falido para tentar sustentar a mulher e as duas filhas – Caroline (Austyn Johnson) e Helen (Cameron Seely).

INCLUSÃO P.T, o primeiro a ser conhecido como showman, não só venceu os percalços do caminho, transformando-se em empresário bem-sucedido (ele criou também o circo Barnum & Bailey, que se manteve por quase 150 anos na ativa), mas, sobretudo foi um grande promotor da inclusão social na esfera do espetáculo no século passado, quando o assunto passava ao largo das mesas de discussão.

Ao chamar para o palco quem não se enquadrava na sociedade da época e vivia escondido entre quatro paredes, o empresário obviamente mirava seu próprio sucesso, mas, com isso, revelou diversos talentos que não tinham chance de aparecer. Na visão do empresário, anões, mulher barbada, pessoas altas demais, gordas demais, todas as que não eram “normais” carregavam consigo grande potencial de sucesso – e lucro. Ao seu lado na empreitada ele conta com Phillip Carlyle (Zac Efron). A cantora Jenny Lind (Rebecca Ferguson) surge como elemento complicador na relação de P.T e sua mulher.

O rei do show não atinge o mesmo potencial de grandiosidade de musicais recentes, como a superprodução A bela e a fera. Ainda assim, é um bom filme..