Longa francês 'Assim é a vida' expõe o ridículo de uma festa de casamento

Dirigido por Eric Toledano e Olivier Nakache filme mostra inevitáveis imprevistos e consegue nos fazer rir de nós mesmos

Helvécio Carlos

O bom elenco e situações hilárias criam identificação com o público e garantem boas gargalhadas no filme despretensioso dos diretores Eric Toledano e Olivier Nakache. - Foto: Thibault Grabherr/Paris Filmes/Divulgação

Casamento é o tipo de evento social em que nada, absolutamente nada, pode dar errado. Um deslize, por menor que seja, pode levar tudo por água abaixo. Na vida real, a possibilidade de uma tragédia desse porte é tão rara quanto acidente aéreo, mas no cinema, onde tudo pode acontecer, volta e meia as bodas e o caos ao seu redor ganham destaque. Azar dos noivos, sorte do espectador.

Como esquecer, por exemplo, o casamento de Relatos selvagens (2014)? Mas, ao contrário do longa argentino dirigido por Damjan Szifron, em Assim é a vida (Le sens de la fête), que estreia nesta quinta-feira (22) em Belo Horizonte, o casamento é a cereja do bolo de uma história com direito a todos os perrengues que devem passar bem longe da organização de uma festa.

O longa dirigido por Eric Toledano e Olivier Nakache (do grande sucesso Intocáveis, que foi além das telas e ganhou versão para o teatro) gira em torno de Max (Jean-Pierre Bacri), dono de uma empresa responsável pela contratação de cozinheiros, garçons, fotógrafo, músicos e outro tanto de fornecedores que deixam qualquer um louco só de pensar na organização de tantos detalhes.

 

 

O filme, então, mostra como o produtor da festa precisa de jogo de cintura para lidar com tantos imprevistos e problemas que vão surgindo no dia do fatídico casamento.

Eric e Olivier, que também assinam o roteiro, fazem o público rir de situações patéticas – a cena em que os garçons são obrigados a se vestir com trajes de época (o local da festa é um castelo do século 18) ou o discurso do noivo Pierre (Benjamin Lavernhe) são memoráveis – e se emocionar – a cena que antecede o final do longa é tocante –, sem pieguice.

São as histórias paralelas que dão força ao roteiro. Com dramaturgia bem construída, a história de Max e todos a sua volta, muitas vezes, parece ter saído da vida real para ganhar as telas. Não há como deixar de reconhecer a fúria do fotógrafo, obrigado a disputar espaço com os convidados armado com seus celulares na hora da foto dos noivos. Os diretores conseguem tomar clichês de um casamento e, com habilidade, colocar o espectador nas situações apresentadas, diante da familiaridade e universalidade do ridículo. Assim, fazem-nos rir de nós mesmos.

O elenco é também acerto do longa.

Claro, os fãs de Eric e Olivier sentirão falta de Omar Sy, estrela de Intocáveis (2011) e Samba (2014), longas anteriores da dupla de diretores. O protagonista Bacri, a atriz Eye Haidara, que interpreta Adèle, braço direito de Max, e o ator Jean-Paul Rouve, que vive o fotógrafo Guy, se destacam em interpretações cativantes, capazes de manter o tom cômico.

Um mérito do longa de Eric e Olivier é o poder de transportar o espectador para aquele pequeno universo e colocá-lo em situações em que há necessidade de jogo de cintura para se adaptar a situações inesperadas – mais caro para o público francês do que o brasileiro. A sucessão de armadilhas e surpresas consegue manter o ritmo e a fácil identificação com o público. Sobretudo, o recado é de que, diante da loucura da vida, vale a pena aproveitá-la como uma festa. Despretensioso, Assim é a vida cumpre bem o papel que desempenha na festa: diversão pura. Isso vale o ingresso.

 

Abaixo, confira o trailer de Assim é a vida: 

 

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