'Chocante' se inspira nas boy bands dos anos 90 para falar sobre a fama

Filme conta a história de ex-astros teen que decidem retomar a carreira. Mullets, bandanas e hits do Dominó voltam às telas

por Márcia Maria Cruz 05/10/2017 09:00

Bárbara Veiga/Divulgação
Rapazes da banda Chocante tentam voltar ao estrelato depois de viver como gente comum. (foto: Bárbara Veiga/Divulgação)

Quem não tem boy band preferida que atire a primeira pedra na fama instantânea. A lista é enorme: Menudos, New Kids On the Bloc, Backstreet Boys, N Sync, One Direction, Dominó... Em tempos de influenciadores digitais, todo mundo quer 15 minutos de holofotes, vale tudo para ganhar cliques e likes. A conexão entre as celebridades noventistas com as de hoje está em Chocante – O filme, que estreia nesta quinta-feira (5/10) no país. Com roteiro de Bruno Mazzeo, o longa trata do universo das boy bands.

Mazzeo, que interpreta Teo, Marcus Majella (Clay), Lucio Mauro Filho (Tim), Bruno Garcia (Tony) e Pedro Neschling (Rod) mergulharam no mundo pop para dar vida aos músicos da banda Chocante. Os rapazes fizeram sucesso com um hit só, Choque de amor, e interromperam a carreira devido a desavenças. Famosos, frequentaram programas de TV e fizeram shows em todo o Brasil.

Quando o grupo acaba, os ex-astros têm de tocar a vida como motorista de Uber, locutor de supermercado, cinegrafista de casamento e oftalmologista no Detran. Têm de pagar boletos, enfrentar o trânsito como gente comum. No entanto, depois da morte de um eles, a banda se reencontra. No velório, Quézia (Débora Lamm), fã perdida no tempo, faz com que eles se lembrem dos tempos áureos e planejem voltar aos palcos.

Roupas coloridas, calças coladas, penteado mullet, bandanas – tudo leva à estética dos anos 1990. Bruno Mazzeo e Clara Castanho, que vive a filha de Teo, vieram a BH promover o longa. ''Coloquei megahair. Durante as filmagens, aquilo estava ótimo, pertencia ao personagem, estava todo mundo ridículo mesmo. Na rua, tinha que disfarçar, botar rabo, bandana'', brinca Bruno.

Com trabalhos na TV, cinema e teatro, Mazzeo assina o quarto filme como roteirista. É o sétimo longa dele como ator. É também autor da minissérie Filhos da pátria, em cartaz na Globo, e assina o roteiro da reedição da Escolinha do Professor Raimundo. No teatro, ele divide o palco com Lúcio Mauro Filho em Cinco vezes comédia.

Três perguntas para... Bruno Mazzeo, diretor, ator e roteirista

Você tem 40 anos, viu as boy bands noventistas. O filme tem algo a ver com a sua adolescência?
A ideia inicial era falar sobre amizade, amigos que não se viam há muito tempo e se reencontravam. Pedro Neschling, que escreve comigo uma série no Multishow, levou a ideia da boy band e a gente começou a aprofundar. Boy bands são diferentes das bandas. Bandas são grupos de amigos que têm as mesmas ideias, ideologias, e querem falar sobre aquilo. Reúnem-se na escola, faculdade, rua, no mesmo prédio. Já as boy bands são escolhidas a partir de testes. Gente espalhada com ideias diferentes. De repente, essas pessoas são reunidas. Passam a conviver com a loucura que é a vida de turnê, quase convivência diária, full time, ônibus, avião, aeroporto, show. Estão sempre juntos. De repente, separam-se, volta cada um pra sua vida e nunca mais se veem.

O roteiro transita entre a comédia e algo de drama, mais humano. Como foi essa construção?
Gosto do humano. Seja para fazer rir ou para fazer chorar, o que for. Tudo o que faço tem que ser de verdade. Mais cômico, menos cômico, tem que ser de verdade para que as pessoas possam acreditar naquilo. Busco escrever a partir do drama, toda situação é dramática. O que promove a comédia é o olhar. É natural que o drama permeie, sobretudo, meus trabalhos mais recentes. Não acho que drama e comédia sejam tão distantes. Um ditado diz que a comédia é drama com time.

Vocês trazem de volta Tô pê da vida, hit do Dominó. Como essa canção dialoga com as gerações contemporâneas?
Quando começamos a pensar a história, pesquisamos muitas coisas da época – entre elas o Dominó, que tem clipes sensacionais. O melhor clipe deles é Manequim. A gente decidiu encaixar de maneira orgânica uma música deles, cabia dramaturgicamente. Virou homenagem.

 

Abaixo, confira o trailer: 

 

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