'Valerian', de Luc Besson, é ambicioso mas se mostra como um grande desperdício

Com o subtítulo 'E a cidade dos mil planetas', longa mostra sequências suntuosas, mas não convence no quesito roteiro

por Mariana Peixoto 10/08/2017 08:30

Diamond Films/Divulgação
Apesar dos malabarismos visual, filme mostra uma história fraca. (foto: Diamond Films/Divulgação )

A sequência inicial é de tirar o fôlego. Com Space oddity, de David Bowie, ao fundo, assistimos a uma série de cumprimentos espaciais. De um lado, humanos viajando no tempo. Do outro, extraterrestres. Os anos passam, os séculos mudam e o que vemos é a população estelar vivendo em harmonia.

Esse é o grande momento de Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, novo filme de Luc Besson. Tudo o que vem nas duas horas seguintes é um grande desperdício. Mundos demais, ETs demais, dinheiro demais (o filme custou US$ 177 milhões) para uma história de menos.

Adaptação da série de quadrinhos franco-belga Valérian, criada em 1967 por Pierre Christian e Jean-Claude Mézières, o longa chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 10, com muita expectativa. Pois não espere muito. Ainda que tenha boas sequências, o filme tem uma narrativa pobre em contraponto com a profusão de imagens e efeitos visuais. Não raro perdemos o fio da meada (e no fim das contas, ela pouco importa).

No ano 2740, Valerian (Dane DeHaan, o vilão de O espetacular Homem-Aranha 2) e Laureline (Cara Delevingne, a modelo e it girl alçada ao posto de atriz-celebridade) são agentes intergalácticos que devem manter a ordem nos territórios humanos. Quando o filme começa, eles têm uma missão em Alpha, metrópole onde vivem milhares de espécies.

Chegando lá, um caso que parecia ser simples se configura um mistério. Uma força maligna estaria pondo em risco um lugar pacífico que poucos sabiam existir: a Cidade dos Mil Planetas. Clive Owen é o vilão da história, o que fica claro já nos primeiros momentos em que ele aparece, como o comandante de Alpha.

A partir do velho mote ''bem contra o mal'', Besson vai conduzindo uma série de sequências espetaculares. É algo muito mais ambicioso do que ele fez em sci-fis anteriores, como O quinto elemento (1997) e Lucy (2014).

Na primeira parte do filme, por exemplo, um shopping do mercado negro é visitado pelos agentes. Só que ele existe em diferentes dimensões, então assistimos à sequência de diferentes maneiras. Já os seres da Cidade dos Mil Planetas são pessoas brilhantes que perderam seu paraíso (uma praia tal qual refúgios caribenhos) e sua fonte vital: pérolas multicolores. O 3D vale realmente a pena em algumas das sequências, principalmente as aéreas.

Além do casal de protagonistas (que age como os pares de comédias românticas, cheios de piadinhas que a gente já sabe onde vão dar), a história conta com coadjuvantes de peso em pequenas participações. Besson se deu ao luxo de colocar Rutger Hauer somente na sequência inicial. O músico Herbie Hancock aparece numa tela, como o comandante dos humanos. E Ethan Hawke é visto como um cafetão pra lá de picareta. Aqui e ali há cenas bem-humoradas, que conseguem meia dúzia de risos.

Mas o que vai gerar burburinho (e aí com razão) é a presença de Rihanna. Em sua terceira incursão nos cinemas, a diva pop faz na tela grande basicamente o que faz nos palcos e nos clipes. Vive uma ET de nome Bubble que tem a forma que quiser. Trabalha numa boate e promove um show em que vai mudando de cabelo e figurino a cada parada na música.

Isto tudo não é suficiente para que Valerian emplaque. Mesmo que visualmente suntuosa, a tentativa de Besson de dar início a uma franquia jovem à la Star Wars esbarra em alguns problemas: protagonistas fracos e, principalmente, uma história pífia que os malabarismos visuais não conseguem mascarar.

 

Abaixo, confira o trailer:

 

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