Com foco na economia criativa, BH se transforma em capital do audiovisual

Em agosto acontecem MAX e CineBH, que reunirão produtores, investidores e especialistas, abrindo oportunidades de negócios

por Pedro Galvão 08/08/2017 08:30
'Vamos englobar não só o mercado tradicional, mas games, quadrinhos, música e conteúdo imersivo', diz Lucas Soussumi, curador da MAX.

Agosto mal começou, mas promete transformar Belo Horizonte na capital brasileira do audiovisual. Entre os dias 22 e 27, dois grandes eventos vão reunir profissionais do Brasil e do exterior envolvidos em várias áreas produtivas do cinema, TV, games e mídias digitais. Serão palestras, rodadas de negócios e mostras cinematográficas promovidas pela Minas Gerais Audiovisual Expo (MAX) e pelo CineBH, que encampa mais uma edição de Brasil Cine Mundi.

Realizada pela segunda vez em BH, a MAX ocupará a Serraria Souza Pinto a partir do dia 23. Financiado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG) e Serviço Social da Indústria (Sesi-MG), o evento é aberto ao público. Oferecerá palestras e painéis com distribuidores, produtores e responsáveis por empresas envolvidas no fomento da indústria criativa nacional e estrangeira, sob a perspectiva do ''audiovisual 360'' – ou seja, extrapolando mídias tradicionais como TV e cinema –, explica Lucas Soussumi, curador da programação.

''Vamos englobar não só o mercado tradicional, mas games, quadrinhos, música e conteúdo imersivo. Este ano, a gente terá como destaque os primeiros participantes internacionais, que vêm conhecer melhor os conteúdos brasileiros e informar como é o mercado europeu. Além disso, teremos um foco muito forte em questões jurídicas, com masterclass sobre fair use para explicar como funciona a legislação para a indústria criativa nos EUA, o copyright, pois ela é diferente no Brasil. Teremos também painéis voltados para propriedades intelectuais, taxação de incentivos e patrocínios'', destaca Soussumi.

Entre os estrangeiros convidados estão o francês Robert Salvestrin, da produtora e distribuidora Luck You Pictures, para falar sobre o mercado europeu, e a colombiana Claúdia Rodriguez, da Preciosa Media, que vai traçar o panorama da América Latina. Entre os destaques nacionais está a parceria da Globo Filmes com a Globo News na produção de documentários. Atualmente, as duas realizam Sociedade de ferro, cujo tema é a tragédia de Mariana e as implicações da atividade mineradora no estado.

''Participamos de eventos de mercado por todo o Brasil com o objetivo de buscar parcerias com produtoras de diversas regiões que tragam novas ideias e visões. Na MAX, faremos palestra sobre essas parcerias e rodadas de negócios com produtores locais e nacionais. Nossa participação não apenas oferece investimento financeiro ao projeto, mas todo um esforço de divulgação e editorial, incluindo ainda a liberação do acesso ao acervo Globo'', explica Simone Oliveira, gerente de produção da Globo Filmes. Ela vai apresentar um painel ao lado de Renée Castelo Branco, da GloboNews.

GAMES Para consolidar a proposta de explorar novas possibilidades midiáticas audiovisuais, a programação prevê uma arena de games. Desenvolvedores independentes apresentarão produtos ao público, exibindo trabalhos também para possíveis usuários e investidores. A indústria de jogos terá espaço por meio de painéis em que especialistas e desenvolvedores comentarão estratégias de produção e comercialização desse tipo de conteúdo.

Com inscrições já encerradas, uma rodada de negócios promoverá o encontro de empresas com realizadores iniciantes. Estarão presentes nomes importantes da mídia nacional e mundial, como as redes de TV pagas Discovery e Gloob, os canais públicos EBC e Rede Minas, e distribuidoras de peso, como a H20 Films.

''É um evento de extrema importância para quem está começando, por ser construído sobre quatro pilares: capacitação de empresas participantes, discussão de políticas de mercado, apresentação de tendências, e negócios. Estarão em foco aspectos como o que cada um busca no mercado, oportunidades de licenciamento e coprodução. Tudo isso é muito importante para quem ainda não tem contato com o player'', explica o curador.

Nestes tempos de dificuldades, a MAX consegue se viabilizar inteiramente com recursos públicos. ''Para a indústria criativa, felizmente, o impacto da crise não tem sido tão forte, pois não trabalhamos com commodities, mas com propriedade intelectual, cuja produção é mais barata, com fluxo de renda mais rápido. Hoje, a gente vê que o audiovisual fatura mais do que o turismo e do que a indústria farmacêutica, além de empregar mais. Então, vemos aí a importância do setor para a economia brasileira, por isso é justo o investimento público. Ele não é alto, visto o retorno, além de promover a cultura'', defende Lucas Soussumi.

A agenda prevê 72 eventos, com duração de cerca de 20 minutos cada, de 23 a 26 de agosto. Além de representantes de empresas, profissionais ligados à Ancine apresentarão conteúdos aos participantes. A programação completa está disponível no site www.minasgeraisaudiovisualexpo.com.br.

CONVERSA GLOBALIZADA Se a MAX tem foco nas grandes empresas, o cinema independente será contemplado na 11ª edição da mostra Cine BH, que apresentará o 8º Brasil Cine Mundi a partir do dia 22. O objetivo é aproximar realizadores brasileiros e estrangeiros. ''Muita gente daqui vai a Cannes tentar vender seus projetos ou fazer contatos. Nós proporcionamos o fluxo inverso, trazemos o pessoal de fora a BH para apresentar os projetos daqui'', explica Raquel Hallak, coordenadora-geral do evento e diretora da Universo Produção.

O Brasil Cine Mundi apresentará 22 projetos cinematográficos em fase de desenvolvimento a 24 convidados do exterior, entre empresas de consultoria e de produção. A ideia é articular coproduções internacionais para viabilizar os filmes.

Assim como na MAX, haverá painéis, debates, workshops e masterclasses abertos ao público no Palácio das Artes, Cine Humberto Mauro, Teatro João Ceschiatti, Cine 104, Teatro Sesiminas, Sesi Museu de Artes e Ofícios, Sesc Palladium e MIS Cine Santa Tereza.

O público também poderá conferir os filmes. Um dos destaques é O corpo elétrico, do diretor mineiro Marcelo Caetano – fruto do Brasil Cine Mundi de 2012. “É sempre motivo de comemoração vermos dar certo os projetos em que apostamos em sua fase de desenvolvimento. É o sinal de que apostamos corretamente”, conclui Raquel. A programação completa do evento está disponível no site www.cinebh.com.br.

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