Produções mineiras 'Nada' e 'Arábia' disputam o 50º Festival de Brasília

Outros oito longas longas e 11 curtas disputam os troféus Candango; O longa mineiro 'A cidade onde envelheço' venceu a edição de 2016

por Ricardo Daehn 08/08/2017 08:30
Vasto Mundo/Divulgação
Filme 'Arábia', de Affonso Uchôa e João Dumans, é o longa mineiro na disputa pelo troféu. (foto: Vasto Mundo/Divulgação)

Nove longas-metragens de nove estados brasileiros, além de 12 curtas, estarão na disputa pelos troféus Candango na edição número 50 do Festival de Brasília, que será realizada entre 15 e 24 de setembro. Segundo o secretário de Cultura do Distrito Federal, Guilherme Reis, ''questões de gênero e raciais'' confluirão no conteúdo dos longas em competição. Há duas produções mineiras na seleção: o longa Arábia, de Affonso Uchôa e João Dumans, e o curta Nada, de Gabriel Martins.

Filmado em Contagem e Ouro Preto, Arábia começou sua trajetória em festivais em janeiro. Foi a única produção brasileira a entrar na competição oficial do Festival de Roterdã, na Holanda. O filme conta a história de Cristiano (Aristides de Souza), jovem de Contagem que chega a Ouro Preto para trabalhar numa siderúrgica. O longa é narrado em flashback, mostrando a trajetória do personagem na última década. Dumans fez parte da equipe de A cidade onde envelheço, longa mineiro vencedor da edição 2016 do Festival de Brasília.

Nada também iniciou sua carreira em festivais internacionais, tendo sido selecionado para a Quinzena dos Realizadores, em Cannes. Em entrevista ao EM na época do evento francês, Martins, um dos fundadores da produtora Filmes de Plástico, contou que teve a ideia do curta ''a partir de uma imagem de uma garota que, ao ser perguntada sobre o que queria fazer no vestibular, responde 'nada'''. O diretor afirmou: ''Fui imaginando todos os desdobramentos e aí nasceu a história dessa menina.'' Filmado em BH e em Contagem, o longa representa ainda outra vertente da cultura da capital mineira. Quem interpreta a protagonista é a rapper Clara Lima, de 17 anos, campeã nacional no Duelo de MCs.

A seleção do festival coloca lado a lado cineastas iniciantes e diretores consagrados na competição. Já premiado por Branco sai, preto fica, o brasiliense Adirley Queirós comparece com Era uma vez Brasília, selecionado para o Festival de Locarno. De acordo com o diretor, o novo longa traz personagens que ''na relação com o cinema quebram ciclos de opressão política e policial''.

Voos solos da diretora Daniela Thomas e da fotógrafa Heloisa Passos representarão, pela ordem, o cinema paulistano e o paranaense. Vazante, de Thomas (constante parceira de Walter Salles), foi selecionado para uma vertente específica do Festival de Berlim – a Reclaiming Black History (destinada ao exame de injustiças sociais). Na trama do século 19, um senhor de escravos se casa com uma garota de 12 anos, sobrinha de sua mulher, que morreu no parto, assim como o bebê do casal.

Heloisa Passos apresentará Construindo pontes, drama doméstico amplificado para o exame do período da ditadura militar. De posse de material filmado em super-8, ela contrapõe a visão da construção da hidrelétrica de Itaipu com um embate ideológico. A diretora carioca Julia Murat compete com o longa Pendular, premiado pela Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Berlim. Pendular se debruça sobre o amor de uma bailarina e um artista plástico.

A lista de competidores de 2017 tem ainda o gaúcho Música para quando as luzes se apagam, de Ismael Cannepele, o paraibano O nó do diabo, de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé e Jhesus Tribuzi, e o baiano Café com canela, de Ary Rosa e Glenda Nicácio.

• A COMPETIÇÃO PELO CANDANGO

Longas

» Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans, MG
» Café com canela, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, BA
» Construindo pontes, de Heloisa Passos, PR
» Era uma vez Brasília, de Adirley Queirós, DF
» Música para quando as luzes se apagam, de Ismael Cannepele, RS
» O nó do diabo, de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhesus Tribuzi, PB
» Pendular, de Julia Murat, RJ
» Por trás da linha de escudos, de Marcelo Pedroso, PE
» Vazante, de Daniela Thomas, SP


Curtas

» A passagem do cometa, de Juliana Rojas, SP
» As melhores noites de Veroni, de Ulisses Arthur, AL
» Baunilha, de Leo Tabosa, PE
» Carneiro de ouro, de Dácia Ibiapina, DF
» Chico, dos Irmãos Carvalho, RJ
» Inocentes, de Douglas Soares, RJ
» Mamata, de Marcus Curvelo, BA
» Nada, de Gabriel Martins , MG
» O peixe, de Jonathas de Andrade, PE
» Peripatético, de Jessica Queiroz, SP
» Tentei, de Laís Melo, PR
» Torre, de Nadia Mangolini, SP

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