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Comédia 'Perdidos em Paris' mostra a capital francesa de maneira inusitada

Dupla de atores e diretores, Fiona Gordon e Dominique Abel, se inspirou em clássicos do cinema mudo para compor o filme

Mariana Peixoto
Dominique Abel, Emmanuelle Riva, em sua última atuação, e Fiona Gordon vagueiam pela capital francesa: leveza e emoção. - Foto: Pandora Filmes/Divulgação
Rio de Janeiro – Pelo menos a metade dos 19 filmes que estão na programação do Festival Varilux de Cinema Francês corresponde a comédias. Há produções com uma pegada dramática, outras com um quê de romance. Perdidos em Paris, com sessões nesta quarta-feira, 14, e no fim de semana, em Belo Horizonte, tem como protagonistas Dominique Abel, belga, e Fiona Gordon, australiana, que vieram ao Brasil para lançar seu quarto longa-metragem e conversaram com o Estado de Minas.

Juntos há 35 anos, o casal faz graça com a arte do clown. Seja nos palcos ou nas telas, a dupla atua sempre falando sobre a falta de jeito dos seres humanos. Este também é o tema de Perdidos em Paris, que tem estreia prevista para 6 de julho.

Na história, escrita, dirigida e protagonizada pelos dois, Fiona é uma bibliotecária canadense, que larga tudo ao receber a carta de uma tia idosa. A mulher, que ela só conheceu na infância, mudou-se para Paris há décadas. Fiona resolve ir atrás dela ao receber sua carta. Ao chegar lá, tudo dá errado.
Ela, que pouco fala francês, se perde na cidade e fica sem dinheiro. Conhece um morador de rua (Dom), que acaba ajudando-a em sua jornada.

Perdidos em Paris é contado quase num ritmo de fábula. Muita música e dança, a exemplo das referências da dupla, Buster Keaton e Charles Chaplin. O filme ainda marca a última atuação de Emmanuelle Riva, que faleceu em janeiro, aos 87 anos.

''Não pensamos de primeira em Riva, porque a conhecíamos como atriz dramática. Quando a vimos num vídeo promocional para o Oscar (a atriz foi indicada em 2012 pelo filme Amor), em que ela estava engraçada, imitando Chaplin, vimos que havia essa possibilidade. E encontramos uma pessoa que gostava de observar os outros, que sabia tudo sobre clowns. Ela dizia que tinha, por dentro, 14 anos. Era impressionante, muito ligada à arte. Aos 87 anos, subia e descia os quatro andares do apartamento onde vivia. Chegamos a filmar lá'', conta Dominique Abel.

A quarta personagem de Perdidos em Paris é a própria capital parisiense, que ganha um olhar diferente para lugares muito conhecidos, como a Torre Eiffel, o Rio Sena e o Cemitério Père Lachaise. ''Fomos a todas as pontes de Paris até encontrarmos a que queríamos. Nesses passeios, vimos a Estátua da Liberdade (que fica numa ilhota no Sena) que nos deu novas ideias para a história. Até o cachorro que aparece no filme nós encontramos passeando na rua.
Ou seja, nosso processo não é cerebral, é muito de olhar e procurar'', acrescenta Fiona.

A improvisação é essencial ao processo criativo deles. ''No palco, você aprende tudo. Fazendo (a mesma apresentação) dia após dia, sabe o que funciona, o que faz as pessoas rirem'', comenta Dominique Abel. Como o processo é sempre conjunto, os dois já têm uma maneira muito própria de fazer um filme. ''Somos ambos muito teimosos, então pode haver algum conflito no início do processo. (Para evitar brigas) Escrevemos nossas ideias e mandamos para o e-mail do outro. Cada um vai fazendo suas modificações, até que conseguimos converter tudo em uma só história. Só depois começamos a improvisar'', completa Fiona.

O processo no cinema deu tão certo que os dois deixaram o teatro de lado. ''Fizemos espetáculos até cinco anos atrás. Só que achamos que as peças estavam ficando menos interessantes.
Então, em vez de fazer espetáculos medíocres, resolvemos abraçar uma nova aventura, o cinema'', disse Fiona.

A repórter viajou a convite da organização do evento
 
Abaixo, confira o trailer de Perdidos em Paris:

 

PERDIDOS EM PARIS
Sessões nesta quarta-feira, 14, e sábado, 17, às 16h20, no Cine Ponteio, e sábado, às 14h30, no Cine Belas Artes

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